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3- Meyer Leyer
quarta-feira, 1 de abril de 2009


Meyer estava petrificado, surpreso que suas pernas conseguissem se movimentar, porque esse não era o desejo de seu cérebro. Estava ainda inquieto e resolveu falar, fazendo o possível para manter a voz firme:
-Sabe, acho que não deveiamos ir pela grama. – e apontou para um trajeto cimentado que todos os outros alunos usavam.Mas Johnny tinha uma explicação para a infração.
- Meu caro Meyer, estamos no caminho mais curto, chegaremos lá antes deles, não pegaremos fila. Quanto às gramas, elas sobreviveram – e deu um chute numa muda que estava amarrada a um bastão – ou não – completou com uma risada escandalosa.
A cantina era aberta, um teto cobria algumas mesas e o balcão do sol escaldante. Ela era toda em tons diferentes de azul. Não era muito grande, cerca de 10 mesas com confortáveis bancos ocupavam o lugar e o balcão parecia ligeiramente apertado. Meyer ficou numa das mesas e observou Johnny ir até o balcão e pedir:
-Uma cerveja, por favor – O balconista olhou perplexo para o garoto, obviamente aquele não era um pedido muito comum, mas respondeu polidamente:
- Não servimos bebidas alcoólicas aqui. - Mas Johnny que não prestava atenção ao que ele falava olhou para a cara dele compenetrado, procurando algo ali:
- Eu não te conheço de algum lugar?
- Não senhor.
- E o cara por trás dessas espinhas? - E riu alto e gostosamente da cara do atendete – Não se preocupe, eu vim preparado, aliás, belo boné.- E dizendo isso foi até a mesa onde Meyer o observava aterrorizado. Como alguém poderia ser tão mal-educado, tão inconsequente? Observou Johnny abrir a mochila e tirar de lá o que se parecia com uma garrafa de água e dar um longo gole.
-Tome um gole Eyer, vai te acalmar. - Hesitante e sem muita certeza do que fazia, Meyer levou a garrafa a boca e deu um cuidadoso gole. Seus olhos lacrimejaram e ele engoliu com dificuldade. Aquilo era maravilhoso, algo do que fora privado a vida inteira agora se encontrava em sua mão direita. Com os olhos brilhando encarou Johnny que parecia não entender bem a situação e esperava que Meyer devolvesse a garrafa, mas isso não aconteceu. Meyer virou todo o conteudo do recipiente em um gole só e observou o ligeiro estado de choque de Johnny que exclamou pouco depois:
- HAHA! Esse é meu garoto, boa Eyer, agora vamos que estão nos esperando no campo – mas Meyer não estava disposto a se levantar e quando o fez deu uma cambaleada sendo salvo da queda pelo balcão.
- Você não bebe com muita frequência, não é? - Observou Johnny.
- Minha avó não me deixa chegar perto da água tônica dela, ela diz que é muito perigoso.
-Água tônica? - E a confusão se disspava da cara de Johnny – É, são realmente perigosas.-
Mas Meyer que caíra no chão e não ouvira as últimas palavras do garoto, só pode observar pernas que rumavam rapidamente para o campo e pareciam ocupadas demais para vê-lo ali quase inconsciente. Fechou os olhos e dormiu.


Música: The Ballad - Millencolin

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