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45- Linda
segunda-feira, 31 de agosto de 2009


Linda desceu até o hall de entrada que se encontrava povoado apenas pelos quadros e os olhares desconfiados de seus habitantes. Olhou do outro lado, a janela que destruira no seu primeiro dia no St. Jimmy. Parecia que havia se passado anos desde então e não somente algumas semanas. Recordou-se com certa nostalgia da montanha-russa de sentimentos a qual todos ali foram submetidos. Tudo parecia tão patético agora.

Passou reto a bilbioteca e foi até uma porta que indicava em letras desbotadas “Secretaria”. Arrombou-a com um chute carregado de raiva.

Lá dentro encontrou tudo em absoluta bagunça. Pastas recehadas de papel, ou estes soltos, canetas, réguas, tesouras e outras coisas desinteressantes espalhadas pelo chão e pelas escrivaninhas de madeira barata. O calendário na parede branca ainda indicava o mês de janeiro. 14 de janeiro.

Atravessou o local pisoteando e chutando tudo ao alcance de seus pés até alcançar uma janela que abriu sem dificuldade.

A chuva havia se transformado em uma tempestade, mas mesmo assim a ruiva saltou para fora, caíndo num corredor apertado e sem graça. Virando-se encontrou uma velha escada enferrujada que parecia ter ficado de fora das últimas reformas no St. Jimmy. Subiu-a com tranquilidade apesar da aparência duvidosa, chegando à um terraço coberto no segundo andar.

O lugar não era bonito, ocupavam-no apenas duas banquetas nas laterais e uma mesa cercada de 4 bancos, tudo de cimento e com uma tintura cinzenta descascada. A porta que dava acesso àquele local por dentro do prédio estava emperrada e não havia despertado a curiosidade de outros alunos, com a exceção de Johnny que a apresentara o lugar.

Desde então Linda frequentava o terraço quando precisava reordenar os pensamentos. Sentava-se na mesa de cimento e ficava, sempre com os fones grudados no ouvido, encarando a paisagem: assistindo as pessoas se movimentarem lá embaixo, como se aquilo não passasse de uma realidade distante e pífia.

A ruiva sempre absorvera choques melhor que a irmã e dessa vez não havia sido diferente. Abraçou as pernas com um dos braços, defendendo-se do vento frio que chegava até lá. Apoiou o queixo num dos joelhos e com o outro braço começou a girar distraidamente o piercing metálico no nariz.

Após processar aquilo racionalmente, não sentiu raiva de Johnny nem de Lyla. Ela era a única culpada pela situação, já que conhecia os dois suficientemente bem. Deveria ter previsto que as coisas poderiam tomar o rumo que tomaram. Era inadmissível que não tivesse feito nada para evitar este triste fim.

O tempo passou sem que ela sequer mudasse de posição. Apesar da chuva, viu algumas pessoas saírem corajosamente em direção ao refeitório. Pensou em Lyla; precisava desculpar-se com a irmã. Johnny que se fodesse. Como não estava com fome resolveu esperar até que a loira voltasse para o prédio principal. Se voltasse.


Música: Extraordinary Girl - Green Day



44- Andy e Johnny
sábado, 29 de agosto de 2009


Andy bateu fortemente com os nós dos dedos na porta de madeira enconstada no final do corredor. O garoto ficara sabendo da confusão que ocorrera há poucos minutos entre as gêmeas e viera prontamente avisar Johnny, cuja a capacidade estratégica começava a deixá-lo abismado. Após ouvir um gemido vindo do outro lado, entrou cauteloso, afinal surpresas não eram incomuns quando se tratava de Johnny Fun.
E a surpresa veio.
Encontrou o garoto estirado num dos sofás, vestindo apenas uma cueca branca, traje este que permitia serem vistas tatuagens que Andy desconhecia. Chupava o dedão direito com a mesma voracidade que um bebê o faria. No outro canto da boca exibia uns três cigarros que queimavam lentamente. Apenas seus olhos se moveram na direção da porta:
-Tudo bem? - Perguntou Andy indeciso.
-Não, esses eram meus três últimos cigarros, estou tentando dar uma adeus digno a eles.
Vendo que Andy permanecia tentando entender a situação continuou como se nada ali fosse estranho aos bons modos e costumes:
-As coisas aconteceram como o planejado. Só não imaginei que tivesse ainda uma porra de um coração. Dizem que as drogas acabam com essa merda, essa era minha esperança.
-As drogas acabam com o fígado. - corrigiu-o Andy.
-É, com ele também. - resmungou por fim a figura patética que era Johnny.
-Então, já sabe de tudo? - o rapaz musculoso resolveu ir logo ao assunto principal. O ambiente começava a deixá-lo desconfortável, tinha pressa em sair dali.
-Não, creio que ainda falta a bosta da matemática. Nunca fui bom com aqueles porrinhas dos números que se acham tão felizinhos, bobinhos, alegrezinhos, saltitantezinhos, mas não passam de vítimas de um estúpido sistema, linear ainda por cima. - E riu, mas sua risada já não tinha a mesma alegria.
-As gêmeas tiveram uma briga feia. Tapas e tudo mais. Não tentaram esconder de ninguém. - sua voz abandonou o tom burocrático com o qual iniciara a frase e passou a um misto de curiosidade e respeito ao concluí-la - exatamente como você disse que aconteceria.
-Elas não são como as demais garotas. Carregam essa ideia ridícula de fidelidade. Patéticas. - explicou-se como um professor que ensina um aluno a resolver uma equação banal. - A isca está lançada, espero sinceramente que sobreviva. É uma bunda muito bela para ser jogada fora. - e riu novamente.
-A espera do seu sinal agora.- finalizou obedientemente Andy.
O garoto já ia saíndo quando a voz de Johnny o chamou de volta:
-Meu caro amigo, loira ou ruiva?- era a primeira vez que ele falava sério naquela conversa.
Sem muito o que pensar, o musculoso rapaz respondeu:
-No fundo as duas são loiras. - Virou-se e saiu, deixando o garoto seminu submerso em sua fumaça.


Música: Zero e Um - Dead Fish




43- Lyla
terça-feira, 25 de agosto de 2009


Existem dias em que nem os mínimos detalhes parecem dar certo, o que dizer então das coisas de vital importancia?
Logo ao sair do alvo prédio principal, uma gorda gota de chuva veio misturar-se às lagrimas nos olhos de Lyla. O vento bagunçava as tranças que Johnny tivera tanto trabalho em arrumar pela manhã, quando tudo aquilo ainda parecia certo. Contudo, o cabelo estava longe de ser um problema para a loira.
Primeio havia flagrado Johnny e sua irmã juntos, o golpe doera ainda mais pois após muito tempo insegura, começava a confiar que em meio ao caos social, o particular pudesse se ajustar, e no fundo era isso que importava para ela.
Acreditava no pálido e bobo garoto, confiava nele, algo irracional lá no fundo de sua amargura tentava convencê-la que uma hora aquilo faria sentido. Contudo, todo o resto de seu corpo estava certo do contrário.
Para piorar ainda mais as coisas, a ferida aberta por Linda no passado tornara a abrir, causando uma dor dilacerante em seu peito. Deu mais um passo de encontro a chuva, torcendo para que essa levasse embora toda a raiva, medo, desesperança e tristeza que sentia naquele momento.
Encarou o pouco convidativo tempo e iniciou uma caminhada cujo único destino que importava ela encontraria dentro de si mesma. Descalçou os sapatos, deixando seus pés tocarem a grama molhada e a lama subir até suas canelas brancas. Sem pressa passou pela cantina, pelo nostálgico bosque; ao longe viu o restaurante deserto; cruzou o campo parando para contemplar as quatro lápides e pensando se não seria melhor estar ali do que na situação em que se encontrava.
Sentou-se na arquibancada coberta, buscando uma saída lógica para tudo aquilo; seus pensamentos foram parar em Sneer, relembrar seus traços exóticos, seus olhos pequenos e suas roupas extravagantes fez brotar um pouco de calor na tempestade em que se encontrava.
Voltou para a realidade quando ao longe avistou um casal vindo do lago. Estavam firmemente abraçados e sorriam para a chuva que os encharcava. Invejou-os.
Passaram distraídos e perigosamente próximos de onde Lyla estava. Foi o suficiete para transformar a chama recém acendida em mais um doloroso raio. Gritou calada, um pesado disturbio penetrando em sua mente, esperando um sinal para quebrar o silêncio com o tijolo do auto controle.
E o sinal veio: quando seus olhos finalmente cruzaram os de Sneer, viu a felicidade se afastando cada vez mais de onde ela estava.
-Jesus! - mas aquilo não parecia suficiente – Vá para o inferno! - suspirou por fim.

Música: She - Green Day



42- Sneer e Sofia
domingo, 23 de agosto de 2009


Um cachecol roxo enrolado no pescoço, um paletó vinho de camurça sobreposto a uma grossa malha azul piscina, para completar uma calça rosa-choque; assim estava vestido Sneer. A beira do gélido lago, olhando ao longe o reflexo de suas ideias agora mais claras do que nunca.

O frio trancafiara a maioria dos alunos do St. Jimmy no quente prédio principal, o céu nublado não era um atrativo aos banhos de piscina, no entanto passos distantes e um sorriso nervoso em seu rosto, denunciaram que Sneer não estava sozinho, nem surpreso com isso.

Uma pálida garota, com olhos profundamente azuis e um cabelo quase que paradoxalmente preto, assim como todas as suas quente roupas, vinha andando na direção dele. Sofia foi recebida com meiguice:

-Que bom que veio.

Apoiado com os braços no corrimão que cercava o lago, Sneer sorriu, escondendo um dos olhos na franja. Observou-a aproximar-se e quando esta estava suficientemente próxima tascou-lhe um longo beijo na palma da mão. Bem impressionada a morena respondeu:

-Eu disse que viria, não disse? – e os olhos arregalados dela (que eram tão familiares a Sneer) perderam-se nos franzidos dele e só conseguiram fugir quando timidamente o garoto começou:

-Eu poderia ficar lhe elogiando o dia todo, mas acho que você é inteligente demais para cair nessa – fez uma pausa dramática na qual ele apenas ouvia os batimentos acelerados de seu coração; o frio em sua barriga superava em muito o exterior, mas mesmo assim ele continuou -Poderia lhe contar meu passado triste e como minha família foi assassinada ano passado e tudo o que venho passando desde então. Talvez falar como as nuvens, o lago e seus olhos estão em perfeita harmonia; ou ainda que seu perfume me deixa simplismente louco e que se houvessem milhares de outros sentidos que eu pudesse usar, você seria perfeita em todos. Quem sabe eu colocaria seus cabelos para trás da orelha assim – e fazendo isso aproximou suavemente sua boca aos ouvidos da garota. Sussurrando continuou- mas acho que nada disso adiantaria.

Um raio cortou o ceu pouco ao longe. Numa voz igualmente imponente e com um belo sorriso, Sofia disse:

-Espero que você não vá me beijar também.

Depois de muito tempo na secura, uma gota de chuva finalmente atingira o solo do St. Jimmy.


Música - I Don't Wanna Miss a Thing - Aerosmith




41- Linda e Lyla
sexta-feira, 21 de agosto de 2009


As gêmeas saíram desabaldas da sala. Não sabiam o que pensar, não sabiam o que fazer.
A falta de sol deixava o ambiente tão sombrio quanto o coração daquelas infelizes irmãs.
Lyla subia as escadas rapidamente, como se o movimento espantasse de sua cabeça o que acabara de acontecer; à uma distância segura Linda a seguia.
No quinto andar as duas finalmente pararam. Devido ao mau tempo, o lugar estava lotado, o que gerava um calor humano que aliado à fogueira acesa resultava numa agradável sensação de conforto.
Se sentaram no único sofá desocupado. O choro ruidoso atraia olhares curiosos e assustados; obviamente a maioria ali pensava que outra morte havia acontecido, fato que nenhuma das duas se dispôs a negar, na verdade nem os mais indiscretos eram notados por elas. Após algum tempo de pensamentos vagos Linda falou:
-Aquele filho-da-puta... - mas a voz fraca de Lyla a interrompeu antes que a ruiva terminasse o elogio.
-Você poderia ter me contado – as palavras da loira causaram uma terrível indignação na irmã, que elevou a voz:
-Te contado? Por que você não me contou?
Agora Lyla também gritava, a discussão atraía cada vez mais espectadores:
-Eu estava te protegendo! Mas você nunca irá entender isso, seu egoísmo não permitiria!
-E agora eu sou a garotinha indefesa? Você sempre precisou de mais atenção, sempre foi a mais mimada!
-Sempre abri mão de tudo por você, guardei seus piores segredos e escondi seus defeitos e veja onde chegamos por sua causa! - Ninguém agora fazia questão de disfarçar o olhar. Lyla estava desesperada, suas palavras saíam afogadas em lágrimas. Linda não chorava, sua face havia atingido um rubor quase tão grande quanto o de seus cabelos:
-Minha causa? Me lembro bem do ano passado e não fui eu quem tirei todo o nosso dinheiro, não fui eu que pensei só em meus interesses, qual você acha que foi a causa da misteriosa doença do papai? - A ruiva parecia ter atingido um ponto crítico, suas acusações voaram certeiras para uma ferida ainda aberta, pois Lyla parou abruptamente; em seus olhos não havia mais lágrimas e sim dó, num ato impensado desferiu um sonoro tapa no rosto da irmã que imediatamente se levantou, com os cabelos bagunçados e lançados ameaçadoramente na testa franzida. Ainda murmurrou antes de sair:
-Eu deveria saber – e se foi, abrindo espaço entre os curiosos que começavam a voltar à suas tediosas atividades.
Somente Meyer que usara a distração para trapacear num jogo de cartas, parecia feliz naquela pesada atmosfera.

Música: Scars - Papa Roach



40- Johnny, Linda e Lyla
quarta-feira, 19 de agosto de 2009


Os dias após a festa transcorreram sem pressa nem novos incidentes. A chuva ameaçava constantemente o St. Jimmy e um frio até então desconhecido ganhou aos poucos seu espaço.

A crença em Sneer era agora quase inexistente, já não havia mais Estado nem Inteligência, na situação que beirava a anarquia agora era cada um por si. Com a falta de cuidados e a repentina mudança no tempo, se ouvia em qualquer canto: tosses, espirros e narizes sendo assoados a todo momento.

Contudo o colrido garoto parecia não se importar com tudo isso, pelo contrário, era visto com frequentes sorrisos, as vezes ao lado de Sofia e nas outras ao de Meyer. Vivia num mundo paralelo à todo aquele terror planejado .

Tudo parecia se encaminhar para um longo e triste fim, no qual o St. Jimmy terminaria pulverizado, explodido em ruínas e sem vida humana restante.

Mas para Johnny, só parecia.

Devido ao frio, o garoto havia transportado seu escritório para uma sala inicialmente vazia no terceiro andar, que agora contava com uma grande escrivaninha, duas poltronas pretas de couro, algumas cadeiras bem distribuidas e até um quadro com uma mulher nua que ele havia surrupiado da secretaria. Num canto, desmontada estava uma rede na qual ele costumava passar suas raras noites desacompanhadas.Os corredores daquele andar estavam voltando a se acostumar com o movimento que um dia ali houvera. Na maioria eram garotas entrando e saindo, mas também Charlie, David, Andy e quando ninguém via, Meyer Leyer.

No momento, era Linda quem estava lá e vestindo pouquíssima roupa:

-E agora, o que vai fazer?- Estava sentada no braço da poltrona que Johnny ocupava.

-Eu acho que você sabe – seus olhos tinham o brilho de um predador avistando um presa especialmente suculenta. Deu uma tragada no baseado que segurava e passou-o para a ruiva impaciente a sua frente.

-É sério Johnny! Isso aqui virou uma zona, ouvi dizer que até uns filhos-da-puta de uns nazistas apareceram por aqui.

-É verdade, mas Andy vai dar um jeito neles – e soltou uma gargalhada enquanto imaginava a cena - pro resto eu sempre tenho um plano, baby.

-Linda se aproximou dele, como um rato vai para o queijo e com suas mãos magrelas apertou as bochechas do garoto. Com a sua boca colada no ouvido dele sussurrou:

-Espero que esse plano não envolva foder minha irmã.

-Não literalmente – abriu um sorriso como se estivesse ganhando um prêmio por aquilo – envolve pescaria, e além do mais eu fiz minha escolha, estou aqui com você, não estou?

Antes que Linda pudesse dar a resposta pervertida que havia imaginado, a porta se abriu. Parada ali, perplexa e com lágrimas nos olhos outrora tão brilhantes estava Lyla; numa voz chorosa e histérica gritou:

-Foi a mesma coisa...a mesma coisa – era difícil continuar – que esse filho-da-puta me disse.

Linda encarou Johnny com um misto de ódio e nojo no olhar, em seguida deu-lhe um tapa na cara boba. Não satisfeita deu outro anunciando:

-E esse... esse é pela minha irmã.

A ruiva vestiu-se o mais rápido que pode e as gêmeas saíram da sala, deixando-o sozinho, sem poderem escutar o que viria a seguir:

-Espere! Eu...-terminou a frase para si mesmo – por mais que queira, não posso explicar.

Fora tão difícil quanto ele imaginou que seria.


Música: Everthing Falls Apart - Zebrahead




39- Charlie
domingo, 16 de agosto de 2009


Um gelado e inesperado balde de água acordou Charlie, não teve no entanto tempo para ver, por entre os galhos da árvore na qual adormecera, o céu azul, pois prontamente uma venda foi colocada em seus olhos e seus braçoes foram firmemente presos ao corpo por uma corda. Ele já nem tentava mais resistir à essas convocações pouco gentis de última hora.
Seu pescoço doía por causa da noite mal dormida, torcicolo muito provavelmente, sua cabeça dava frequentes agulhadas que faziam seus olhos saltarem de dor, mas seus sequestrador não parecia se importar com isso, já que ia empurrando o coitado sem dó.
Tudo o que ele podia observar durante o trajeto que parecia não ter fim era a intensidade luminosa que num certo ponto diminuiu drásticamente, junto com o cheito de mato que se foi, dando lugar à uma poeira que o fez espirrar e ser prontamente advertido com um soco nada amigável nas costas. Depois de mais alguns passos e duas escadas entraram no que parecia ser uma sala, ou ao menos um ambiente fechado, abafado pelos primeiros raios de sol.
Uma voz conhecida, quebrou o silêncio:
-Tivemos duas mortes, o que você viu?
-Nada, estou vendado, não se lembra? - Mas ele logo se arrependeu de ter dito aquilo, um soco muito pesado atingiu em cheio seu nariz, a voz tornou a falar:
-O próximo fará sangrar, e então responda minha pergunta?
Mas Charlie não tinha certeza, pela primeira vez sua mente fotográfica havia sido ludibriada:
-Não me lembro bem.- E outro soco acertou seu nariz, ele pode sentir o sangue quente descer até sua boca, foi o suficiente para ele se desesperar, mas antes que pudesse dizer algo a voz tornou a cortar o ambiente:
-Esse não é nosso acordo, é?
-Não, tenho certeza que amanhã eu lembrarei de tudo, me de tempo, eu venho lhe procurar, só me diga o lugar e a hora.- Contudo, o que pode ouvir do outro lado foi uma risada sarcástica:
-Você ainda não percebeu que eu não desejo que você saiba quem sou?- quem quer que estivesse falando, parecia se divertir.
-Tudo bem, tudo bem! - exclamou o garoto – só me desamarre por favor, estou numa posição extremamente desconfortável e acordei com um torcicolo fudido. - Ele não pensou que aquilo iria funcionar, mas um fio de esperança surgiu:
-Você sabe o que fazer! - Entretanto aquilo não parecia dirigido a ele.
E não foi, o capanga (que ficara lhe dando carinhosos socos) se aproximou mais uma vez, mas não desamarrou Charlie e sim, deu-lhe um puxão vigoroso no pescoço causando uma dor alucinante. Torto e travado naquela posição, o garoto só conseguiu gritar. Mais uma advertencia veio:
-Eu não gritaria tanto se fosse você, tivemos duas mortes ontem, seria uma pena que a senhorita Lichba fosse a próxima.
A menção do nome o fez tremer ainda mais. Lichba era uma bela afro-descendente de cabelo black power que não saía nem do laboratório nem da cabeça de Charlie. Após um instante de silêncio, percebendo que não sofreria outra tortura física, e com a cabeça perpendicular ao pescoço falou:
-Era como uma montanha-russa em minha cabeça, a luz ia e vinha assim como o som, meu cérebro parecia ligar e desligar e depois sintonizar estações diferentes em um curto espaço de tempo. Me lembro de fotografar vermes e botos cor-de-rosa. Depois que consegui fugir daquele inferno eu parecia estar no meio do caos, pois em todo canto havia acidentes de carro, as vezes dois, as vezes três, quatro ou até cinco deles. - Apesar de estar quase sem fôlego, prosseguiu soltando palavras numa velocidade alucinante – Havia também uma cobra, ou uma grande minhoca, isso, uma grande minhoca! Ela se entrelaçava e depois apertava suas vítimas até a morte. Depois vi um skate cujas rodas se soltaram e uma rosa que por fim, murchou.- Parou para respirar, temendo outro soco, mas como esse não veio, concluiu – Isso é tudo que me lembro, depois disso caí no que parecia uma confortável cama, mas pelo visto era só uma árvore.
-Acho tudo bem claro, não? - A voz não parecia zombar. Seu carrasco respondeu num grunhido.
E Charile foi largado fora da sala escura, com a cabeça na horizontal. Tentou com calma descer as escadas, mas bateu a cabeça na parede e capotou até o segundo andar. A dor já era insignificante perto do que tinha a fazer: viver.

Música: Life Won't Wait - Rancid



38- Sneer e Sofia
sexta-feira, 14 de agosto de 2009


Embaixo, no campo, o sol voltava a brilhar sem barreiras. Sneer desesperou-se ao ver as covas das duas novas vítimas. Ficou sabendo que se tratavam de um garoto de pele parda, cabelos curtos e um bizarro oculos fundo de garrafa e uma garota feia, levemente gorda, cabelos secos como palha e acinzentados, nariz maior que o usual e orelhas muito pequenas.

Sneer largou-se num canto da arquibancada vazia, tudo estava muito quieto, a única voz que se ouvia era a de um garoto moreno, descabelado, sujo e ciente de que as próximas coisas a serem enterradas seriam seus planos:

-Vou pegá-lo, vou pegá-lo!

A garganta só teve sossego quando uma voz doce e firme disse seu nome:

-Sneer Aleksander?

Quando virou-se para ver quem o chamava se arrependeu de estar tão imundo. Uma garota de pele muito alva, o que acentuava ainda mais os cabelos pretos, com olhos que eram duas esferas de um azul brilhante, conhecido por Sneer(no entanto ele não perdeu tempo tentando de relembrar o que aquilo o recordava, estava excitado demais com sua visitante inesperada, preocupado demais com estar, como Meyer, fedendo a tal ponto que as pessoas temessem se aproximar mais do que o necessário) e de olhar tão apertado quanto suas calças que parecia captar tudo ao redor, inclusive o que se passava na cabeça do garoto que se aproximava. Quando este já estava suficientemente perto, ela tornou a falar:

-Sofia Julia Habsburg – e estendendeu a mão que prontamente foi beijada pelo Curinga.

O cheiro de água e sabão despertou nele uma sensação querida que ele apreciou calado. A morena tornou a falar:

-Você quer Johnny?

-Mais do que quero dizer quão inesperadamente boa foi essa surpresa, mais do que quero sair gritando pelo campo quão belo são seus olhos. E eles são realmente muito bonitos. - respondeu num tom sonhador que pareceu agradar Sofia, pois esta abriu um sorriso inspirador:

-Eu tenho um plano. Me siga. - E dizendo isso se encaminhou para as piscinas desertas. Sneer ainda teve tempo de levantar uma das sombrancelhas, mas não de se lembrar de que Lyla e Linda ficariam procurando por ele sem sucesso. E ficaram.


Música: Somebody Told Me - The Killers




37- Linda, Fionna e Sofia
quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Fionna fez questão de acordar o mais cedo possível naquele dia. Observar a cara das pessoas que voltavam, ainda de ressaca, após uma noite mal dormida, enquanto ela ficara no calor de sua cama e na maciez de seu travesseiro lhe proporcionava um prazer incrível.
As garotas tentavam ignorar os gritos com os quais eram recebidas, algumas na verdade até conseguiam, devido ao estado de paralisia sensitiva em que se encontravam, outras, como Linda, preferiam retrucar:
-Vá se foder! - A ruiva apresentava olheiras e maquiagem inteiramente borrada, mas estava feliz.
-Má noite, lindinha? - O cinismo transparecia na voz anormalmente grossa.
-Muito pelo contrário ogra, foi maravilhosa. É uma pena que sua feiura a impeça de viver.
A frase pareceu afetar gravemente Fionna que atingiu um tom grená, seus cabelos crespos se arrepiaram e suas espinhas estavam a ponto de explodir. Com os olhos vidrados de raiva ela atacou num movimento pesado, mas a ágil Linda conseguiu desviar e rapidamente agarrou os cabelos crespos da adversária, contudo, o sebo que neles se encontrava fez as pequenas mãos da ruiva escorregarem; foi o suficiente para que a ogra a agarrasse pelo pescoço e jogasse-a contra a parede, sufocando-a.
A visão de Linda começou a embaçar devido a falta de ar, seus dedos tornaram-se dormentes. Era como se estivesse numa funda piscina em que por mais que nadasse não chegava a superfície.
O pânico tomava conta dela, já estava prestes a perder a conseciência quando a mão largou seu pescoço e o ar voltou bondosamente a seus pulmões. Do chão, pode ver uma garota parada em pé, parecia exalar luz em sua superioridade, tinha um bastão na mão e vestia apenas uma toalha. Pensou que havia morrido e que um anjo a viera buscar, mas aliviada lembrou-se que não acreditava em anjos.
Somente quando a garota ajudou-a a levantar-se ela pode ver o quão bela ela era; cabelos negros, olhos tão azuis quanto poderiam ser, uma boca pequena e um nariz bem posicionado, bochechas levemente rosadas contrastavam com a pele muito branca. O cheiro de água e sabão era refrescante:
-Obrigada, eu acho.
A resposta veio em um sorriso.
Após algum tempo a garota disse:
-Sofia Julia Habsburg – E largou o bastão num canto.
-Linda, o que achou da festa? - De repente um bom humor raro, assolou Linda. Sentou-se na cama e observou Sofia vestir uma camisa polo mostarda de quatro botões que aparentava ser muito cara. Fazendo entrar uma calsa preta muito apertada disse numa voz sem fôlego:
-Foi boa, louca.
-É Johnny surpreendeu de novo. Minha irmã disse que ele mandou colocar cogumelos e ervas na comida.
Houve silêncio, sem ter pergunta, de Sofia não veio resposta. As duas ficaram trocando olhares até que Linda falou:
-Deixamos a ogra aí?
-Por mim. Um dia ela acorda. - E a morena deu de ombros.
A entrada de Lyla interrompeu o pouco empolgado diálogo. Linda contou empolgada tudo o que havia acontecido, mas a irmã não parecia tão animada. Ao fim, numa voz triste apenas comentou:
-Tiveram mais duas mortes durante a festa, Sneer está louco, diz que é tudo culpa de Johnny. Vou tomar um banho e descer, aconselho que você faça o mesmo.- Seus olhos não brilhavam.
Linda aceitou o conselho sem nenhuma oposição, ao se virar para falar com Sofia, viu que a garota não estava mais lá.
Do chão, Fionna gemeu.

Música: Rise and Fall - The Offspring



36 - Johnny e Andy
segunda-feira, 10 de agosto de 2009


O dia seguinte amanheceu cinza. Cinza porque a dúvida era soberana à certeza, ninguém estava nem onde nem com quem pensava estar; mas todos buscavam a mesma coisa: explicações e consequentemente Johnny Fun. Cinza porque chovia.

Era o céu cinza que Johnny via pela janela do refeitório. Tomava uma sopa gelada, sentado de pernas cruzadas, sozinho numa das mesas metálicas, olhando intrigado a televisão de tela azul estática, aguardava um barulho, um sinal, somente isso, mas nesse dia o Estado não acordara, a Inteligência não acordara, somente Johnny e seria mentira dizer que ele se sentia mal por isso.

Não demorou para que ouvisse Andy passar pelas portas prateadas e se juntar a ele. Ainda não era o som aguardado, mas mesmo assim ofereceu:

-O que achou dos bolinhos ontem? Não disse que toda aquela erva e aqueles cogumelos funcionariam? - E deixando cair a sopa da colher erguida ofereceu-a com um gesto da mão – Sopa?

Mas sendo a resposta um olhar desprovido de diversão ele continou:

-E então, deu certo?

-Sim e não. Como você disse, mais duas mortes, pelo que verifiquei ninguém conhecia os dois, raramente saiam do prédio principal, quando o faziam era para comer. Já enterrei-os no campo. Infelizmente não cheguei a tempo de pegar o assassino. - A última frase, contudo, era mais para o próprio Andy que para Johnny.

-Sneer já era, chegou nossa hora. - Antes que pudessem brindar com suco de caju, uma voz cortou o ar, fazendo os dois se virarem imediatamente para a televisão não mais azul; agora um homem coberto de cicatrizes, careca e com um tapa-olho mal colocado ocupava a tela:

-Bom dia St. Jimmy! Como vão?

-Não vamos – respondeu desafiadoramente Johnny.

-Ah, sr. Fun, que bom vê-lo – havia cinismo claro na voz e no sorriso amarelo que o homem abriu – como vão as buscas?

-Não vão, mais alguma coisa?

-Ora, sei que é um prazer me ver também, sr. Fun. Onde estão seus colegas, de ressaca da última festinha ainda? - Ao dizer essa palavra o homem ergueu os dois indicadores e agitou-os toscamente.

-Não me importa, é a primeira vez que da o ar de sua graça? - Ele já sabia a resposta, no entanto a pergunta era necessária. Fixou os olhos determinados no homem, deixando a sopa gelada repousar no prato. Andy absorvia todos os detalhes.

-Sneer não lhes conta muita coisa não é mesmo? Preciso vê-lo.

-Caso não tenha percebido ainda, Sneer não está mais aqui. Qualquer coisa que precise se dirija a mim e talvez entremos em algum acordo. - Sem perceber, Johnny estava de pé, com a cara colada na tela da televisão, que pela primeira vez se desligou, ficando inteiramente negra.

-E agora? - Perguntou Andy interessado.

-Agora – O garoto pálido tinha uma voz triunfante – agora é só deixar os dominós caírem.



Música: Dominoes Fall - Rancid



35 - Sneer e a bicicleta
quarta-feira, 5 de agosto de 2009


-Quando era pequeno, num domingo de abril, ganhei uma bicicleta. Ela era maravilhosa, graciosa, com um brilho inigualável; morria de medo de andar nela, mas quando tive coragem vi que era a melhor sensação do mundo. - Ao se lembrar os olhos de Sneer começaram a lacrimejar, segurando os joelhos e olhando desfocadamente para o chão ele continuou – ela era tão boa para mim, que só me sentia bem, quando estava com ela, o vento batia em meu sorriso, somente ela me entendia.
“Mas...mas um dia ela foi roubada, o mesmo garoto que me roubou tudo, roubou minha alegria. Sabia que tinha sido ele, o via todo dia andando pra lá e pra cá com minha bicicleta, mas não podia fazer nada. - Era cada vez mais difícil para ele continuar falando, sua tensão era tão grande, que sem notar, tentando conflitar a dor espiritual com a física, fincou os dentes com força nas costas da mão. Reunindo forças tornou a falar – Eu preciso pegá-la de volta, somente comigo ela pode ser feliz. Eu vou pegá-la de volta, não importa o que tenha que fazer, não será pior do que já fiz antes.
E dizendo isso deitou-se na grama, com as lágrimas molhando as gramas ávidas por água. O cabelo antes impecável, agora estava sujo, assim como a roupa, um dia limpa, assim como seu coração, um dia feliz.
E Meyer soltou seu primeiro ronco, engolindo ar e engasgando com isso. Abriu os olhos, se virou de lado e tornou a dormir.

Música: Bicycle Song - Red Hot Chili Peppers



34,5 - Pós Festa
segunda-feira, 3 de agosto de 2009


O ar da noite pareceu apagar o fogo que incendiava Lyla. O palhaço havia parado, com o binóculo a seu lado. A garota, colocou seus olhos numa das lentes e pode ver com nitidez o mar; o cheiro da maré abençoava felizmente suas narinas.

Linda colhia deliciosas maçãs da árvore, tinham um gosto doce e azedo. O cavaleiro olhava diretamente em seus olhos e com um rápido golpe de espada matou-a de alegria.

Uma mosca corria atrás de Sneer, ele podia sentir sua alma abandonando seu corpo, saindo pelos poros, queimando sua pele. A dor era tão grande que caiu abatido na grama.

A árvore de Natal havia tombado, os duendes há muito não eram vistos, Meyer estava tranquilo, feliz, não tinha necessidade de nada, se não dormir e sonhar.

Enquanto as belas vistas do binóculo se repetiam gostosamente, o palhaço a fazia rir. Aguentou o quanto pode aquela sensação inigualável, mas o sono venceu por fim. Repousou tão feliz quanto nunca pudera ser.

Linda poderia ficar comendo maçãs a noite toda, mas por fim estas acabaram e a árvore tombou. Andar a cavalo nunca lhe fora tão bom, mas como o cansaço era grande a ruiva fechou os olhos, mergulhando numa confortável surrealidade.

Música: Walking with a ghost - White Stripes






St. Jimmy de volta


St. Jimmy está de volta! Infelizmente durante as férias, o tempo dedicado ao blog foi nulo e por isso peço desculpas. Mas hoje, dia 3 (não há gripe suína no St, Jimmy), tudo volta ao normal, com 3 a 4 postagens semanais, além de uma novidade:
O Twitter do St. Jimmy:
http://twitter.com/stjmmy
Nele serão divulgadas novidades sobre o blog, curiosidades e avisos importantes.

Ainda hoje, o próximo capítulo será divulgado.

Obrigado, St. Jimmy