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23 - Charlie Seeker Judge
domingo, 31 de maio de 2009


Charlie Seeker Judge era um moreno não muito bonito, tinha olhos quase castanhos e o cabelo não era curto mas também não era longo. Tinha um nariz forte, mas pouco notado e espinhas que não eram muitas, mas chamavam a atenção. Não era alto nem baixo, nem forte ou fraco. Charlie era tudo ao mesmo tempo que não era nada.
Gostava de esportes, mas preferia apenas assisti-los, nos jogos de carta ele era o dealer, se jogava War era a ONU. No Banco Imobiliário era o banco. Não era simpático nem sociável, não tinha carisma e nem gostava de sorrir, a cara fechada era sua maior expressão de descontração. No entano, se havia algo que ele gosta e prezava mais que qualquer outra coisa eram seus sentidos e consequentemente seu cérebro. Observava, julgava e fichava a tudo e todos, sem dó nem piedade.
De manhã era o primeiro a acordar, via Meyer se levantar, olhar para o adormecido Sneer, todo dia, desde que estavam lá era assim. O próximo passo seria o garoto voltar a dormir e só despertar novamente quando seu mestre fizesse o mesmo. Antes disso ainda faltava Andy acordar às 6:38 em ponto, contudo o garoto não estava lá e nem Meyer voltou a dormir. O segundo, após tomar uma série de pílulas (que Charlie já havia catalogado e conhecia exatamente seus efeitos e ciclos), se cheirar, tirar o pijama azul de malha grossa com foguetes estampados em amarelo, colocar uma camisa polo vermelha básica e uma calça jeans bem cuidada e sair do quarto. Não houve dúvida, ele o seguiu.
Meyer havia parado no sexto andar, em frente a pesada porta de mogno com uma bela maçaneta dourada adornada com desenhos típicamente barrocos, por entre o buraco da fechadura o garoto ficou espiando o dormitório feminino, geralmente ele fazia isso no meio da madrugada, às 4:17 aproximadamente, dessa vez no entanto ele foi de lá espantado por uma garota de aparência muito masculina, braços grossos, cara feia, olhos rudes e determinados que lhe davam uma incrível semelhança com um ogro, depois disso Meyer tornou a descer as escadas e Charlie continuou em seu encalço, mas aquele tornou a parar no andar inferior.
Dessa vez era Lyla quem ele observava, outro ponto estranho pois a garota era dorminhoca e costumava acordar somente às 10:18. A sala comunal estava bagunçada, perto da elegante lareira elétrica se encontravam abandonadas no chão cartas de baralho, encima de uma das mesas papéis e canetas destampadas zoneavam ainda mais o ambiente, os outros sofás e poltronas estavam desertos com seu couro preto aguardando uma bunda quente. As luminárias no teto estavam apagadas. Não houve tempo para mais observações, pois sem querer Charlie fez gemer o piso, o que foi necessário parar tirar os outros dois do transe em qu se encontravam. Meyer disparou acelerado escada abaixo e Lyla o seguiu sem pressa. O observador rapaz ficou da janela espiando primeiro o garoto sair rapidamente do prédio e seguir para o campo e pouco tempo depois a garota fazer o mesmo.
Decidiu voltar para o dormitório, faltavam dois minutos para Linda acordar e ele não poderia perder essa diversão; a garota falaria vinte e dois ou vinte e três palavrões e colocaria fones de ouvido num volume tão alto que a menina ogra iria chingá-la, mas a ruiva obviamente não escutaria.
Já novamente em sua cama, Charlie no entanto não ouviu o amanhecer de Linda pois estava grudado na janela, uma pena ter se atrasado um pouco, mas poderia apostar que fora Lyla quem fizera Meyer desmaiar. Pegou seus papéis, fichas com as características das 300 pessoas ali, anotou rapidamente o que observara e trocou a coloração da estrela que encimava a folha, aquilo era uma classificação do quão interessante era a pessoa em questão: dourado era o máximo e branco era o mínimo. Meyer foi rapidamente do último para o primeiro e foi deixado numa pouco numerosa pilha junto com os de Sneer e o pouco preenchido de Johnny Fun. Lyla foi a primeira garota a entrar na lista, uma honra julgou ele


Música: The Seeker - The Who



22 - Meyer
quinta-feira, 28 de maio de 2009


Meyer foi o primeiro a acordar no dia seguinte. Não tinha muita certeza do que deveria fazer então levantou-se; viu que Sneer ainda dormia profundamente. Despiu o pijama estampado com diversos foguetes que vestia e colocou uma roupa extremamente bem dobrada. De um dos bolsos de sua mala tirou várias pilulas e as engoliu após um gole de água. Cheirou o próprio bafo e em seguida as axilas, chegou a conclusão que não seria necessário um banho ou qualquer outro tipo de higiene, logo resolveu ir até o campo esperar as belas adormecidas.Se divertiu com a idéia.
Desceu as escadas fazendo caretas e rindo delas para o nada, ao chegar no sexto andar resolveu parar para espiar pelo vão da porta do dormitório feminino. Ficou lá uns vinte minutos mais imaginando do que realmente vendo quando uma garota gorda e forte o espantou aos palavrões.
Chegou ao quinto andar onde uma única pessoa estava sentada num dos confortáveis sofás, com um bloco de papel e uma caneta na mão: era Lyla. Parecia entediada naquilo e só se distraiu quando sem querer Meyer fez ranger um piso solto, flagrado ele saiu correndo em disparada até o térreo sem tempo para mais observações. O relógio indicava 5 e meia, uma hora antes dos primeiros despertadores começarem seu grito metálico.
Se dirigiu para o campo pelo caminho cimentado sem pressa. Passou pela cantina na qual se embebedara no primeiro dia, ela não havia sido utilizada desde então e se encontrava deserta e bagunçada. Continuando o trajeto avistou ao longe o pomar, o bosque e o refeitório. Respirou fundo inalando o refrescante ar matinal que dava ao St. Jimmy a cara de uma grande fazenda. Começava a se sentir em casa ali, Sneer era como um pai, um exemplo, torcia para que ele se acertasse com Lyla. Não gostava muito de Linda mas sua repulsa era quase toda dedicada a Johnny, era como se ele fosse o culpado de tudo aquilo.
Já no campo avistou um garoto alto e forte caído, inerte num monte de terra bagunçada. A imagem da garota agonizando na biblioteca voltou a sua mente tornando-o ainda mais pálido, quase transparente. Se descontrolou e saiu gritando em direção ao prédio principal. Próximo a cantina encontrou Lyla que percebendo o desespero dele tentou ajudar. Mas não houve tempo, antes de desmaiar Meyer apenas disse:
-Corram, para as montanhas!


Música: Last One to Die - Rancid

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21 - Andy Jordan
terça-feira, 26 de maio de 2009


Andy abriu os olhos , mas na escuridão era difícil distinguir qualquer coisa. Tivera um sonho estranho, estava com Little quando de repente desabou, sem mais nada se lembrar. Levantou-se, um vento frio soprava, suas pupilas se acostumavam aos poucos à penumbra, olhou ao redor mas não havia nada além de folhas, galhos e alguns incomodos insetos.
Uma luz fraca brilhava timidamente pouco adiante e o garoto se encaminhou até lá em passos lentos e temerosos. Chegando, tudo se tornou terrivelmente claro, o sonho era a pura verdade e a pequena garota estava caída no chão em meio às folhas caducas e suja de terra com um grande e preciso corte na garganta. Andy ficou estagnado, ajoelhado nas pedras mas sem sentir dor alguma, nenhuma sensação externa se propagava no vazio que o habitava. As lágrimas escorreram ilimitadamente de seus olhos e se misturaram ao sangue e à terra. Não havia preocupação, perdido ali no meio de tudo buscava forças e alguma razão nisso tudo. Ali jazia mais uma vítima inocente da ganância psicopata do St. Jimmy.

Tirando forças de lugar algum carregou o corpo da garota em seus braços, sentindo pela última vez o calor que dele se esvaía. Andou a esmo com o mesmo destino de todos ali : lugar nenhum. Parou próximo ao campo, onde apesar da escuridão encontrou a enxada.
Cavou com dificuldade um buraco no qual cada golpe na terra feria seu próprio peito, seus músculos já estavam duros, ele sentia insetos picarem toda a extensão de seu corpo, mas não podia parar, não iria parar. Colocou com dificuldade o corpo da garota na cova e apesar da tentação manteu-se vivo; tinha uma morte a vingar.
Fez uma rápida oração para um deus que ele agora duvidava existir e com uma pedra marcou o local do túmulo. Deitou-se na terra como se protegesse Little pela última vez. Lá adormeceu num amargo sonho repleto de pesadelos e raiva. Andy agora sem o simpático sorriso, agora com uma missão a cumprir. Essa morte não seria em vão.


Música: The KKK took my baby away - Ramones



20 - Todos
domingo, 24 de maio de 2009


Linda saiu lentamente do bosque e se encaminhou aos sorrisos para o prédio principal, no caminho encontrou apenas um menino bonito e simático que a cumprimentou com um leve aceno. Fez o possível para fugir da irmã, ainda não tinha certeza se compartilharia com ela o que acabar de ouvir.
Em pouco tempo e muitos passos chegou ao dormitório feminino que se encontrava quase deserto, as últimas garotas estavam de saída para o refeitório. Após um banho, aproveitando a fome que a acometera, ela fez o mesmo.
Lá chegando logo se espantou com a intensa movimentação. Diferentemente do primeiro dia, hoje haviam animadas conversas, exaltadas conversas e discaradas paqueras. Serviu-se de legumes, saladas e uma farta porção de batata frita e sentou-se numa mesa metálica e vazia. Não demorou para que Sneer viesse lhe fazer companhia. Após pegar uma batata exageradamente salgada perguntou numa voz carregada de curiosidade:
-E então, como foi com nosso amigo?
Linda ainda não parara para pensar no que diria a ele, agora começava a entender o que Johnny lhe dissera. Mastigou um brócolis um pouco mais que o necessário na tentativa de organizar o pensamento:
-Nada mal. Aliás ele te mandou isso. - e colocou um cigarro em cima da mesa – disse que se você quiser mais é só procurá-lo no bosque. Aparentemente é isso que ele tem feito.
-Aparentemente? Precisamos ter certeza do que ele faz lá. Johnny pode ser o assassino, você não percebe como é fundamental saber o que ele faz escondido no meio daquele mato?
Nada iria atrapalha o bom humor de Linda, nem os chiliques de Curinga.
-Bom, para a sua alegria, Johnny disse que estaria aqui para o jantar, ai você pode descobrir por você mesmo o que ele tem feito. - Ela se divertia imaginando a tentativa, ainda mais porque Sneer se animara com o fato, tanto que até arriscou pegar mais uma batata. Saiu tossindo atrás de um copo de água, mas não sem antes exclamar:
-Hemodialise segunda porta à esquerda.
O refeitório foi se esvaziando e Johnny não chegava, Linda ficou acompanhando a irmã que terminava de comer um macarrão extremamente apimentado. Sneer dessa vez seguido por Meyer juntou-se à elas, sentando-se do lado oposto da mesa, deixando Lyla incomodada. A televisão ligada com a tela azul já não era mais motivo de atenção.:
-Parece que estamos nos acostumando ao St. Jimmy, as pessoas estão se unindo, achar a bomba é questão de tempo. - O colorido garoto fazia o possível para inspirar confiança – Creio que uma festa não nos faria mal.
A porta do refeitório se abriu e Johnny, com um dedão ensanguentado entrou no recinto.
-Se você quer festa, chegou a pessoa certa – disse Lyla num tom de paixão e desprezo.
-Ora, isso é tão clichê! - A voz esganiçada de Meyer foi comumente ignorada. Sneer que estava de costas para o garoto que acabara de chegar se virou e o viu fazer um variado e cheio prato. Em seguida Johnny se encaminhou à mesa onde se encontravam os outros quatro e abriu um lugar entre os outros dois meninos que se apertaram nas beiradas.
Imediatamente duas pernas começaram a roçar nas do recém chegado rapaz. Dois pés descalços acariciavam lentamente suas pernas em agradáveis movimentos. Ele espiou por baixo da mesa e viu que uma delas vestia uma longa saia xadrez e a outra uma apertada calça. Sorriu e olhou profundamente nos olhos de Lyla, em seguida fez o mesmo com Linda. Após isso exclamou:
-Mademoiselles.
Como num ritual começou a comer broncamente, usando as mãos no lugar de talheres. O sangue que escorria de seu dedo era mais um ingrediente no meio daquela indistinguível mistura. Voltou a falar com a boca ainda cheia de comida:
-Pelo visto não escapei da comida gelada.
Todos observavam abismados os modos (ou a falta deles) do garoto que voltou a encher o prato três vezes. Terminada a refeição soltou um longo arroto na cara feia de Meyer. Sneer exclamou:
-Boas novas para você, já chegamos ao século XXI - e deu seu sorriso irônico ao mesmo tempo que apontava para o relógio no pulso.
-Você deveria se importar mais com a bomba e menos comigo. Se essa merda explodir não acho que quem segue a etiqueta será poupado. - Os outros três figuravam como meros espectadores e somente agora as pernas haviam sossegado.
-E você está muito preocupado com isso! Fica plantando sua erva, isolado naquele bosque enquanto trabalhamos. - Para a alegria de Sneer, Lyla veio em seu apoio.
-É um vagabundo – Mas seu pé dizia outra coisa embaixo da mesa.
-O que posso dizer, sou um rebelde! - E riu largamente mostrando seus dentes sujos.
-Certo senhor rebelde – agora era Linda quem falava – está na hora de trabalhar – Todos olhavam para ela confusos. - E desta vez não haverá do que reclamar.
-O que quer que eu faça minha nobre dama?
- Queremos uma festa. Você vai organizar tudo, desde comida e bebida até música, instalações e toda merda envolvida. Se tiver sucesso, garantirá sua comida até o fim do mês, caso contrário terá que trabalhar para comer. - No entanto a ameaça presente em seus olhos foi amenizada por um carinhoso beliscão com o pé.
-É! - Apoiou toscamente Meyer como se estivesse no comando.
-Agora... - começou- vocês entenderão o motivo de me chamarem de Johnny FUN! - E após uma piscadela para Sneer saiu com o dedão pingando sangue não para o bosque, mas para o prédio principal, tinha assuntos importantes para resolver.

Música: Fight for your right to party - Beastie Boys



19 - Andrew Jordan
quinta-feira, 21 de maio de 2009


Andrew Jordan era um garoto negro, com um sempre simpático sorriso no rosto. Seus pais eram ricos donos de uma seguradora e também extremamente religiosos, não conseguindo nunca ter sucesso ao tentar influenciar o filho, tiveram que impor. Agora no St. Jimmy ele se via livre de todo aquele rigor e comemorava a liberdade. Fora convidado devido a sua excelente perícia no basquete, seus quase 2 metros de altura e os grandes e definidos músculos amedrontavam qualquer um que não conhecesse sua tranquilidade.
Durante a última semana experimentara diversos sentimentos: surpresa, medo, desconfiança, amizade, tédio e agora o amor. A sortuda era uma pequenina japonesa de pouco mais de um metro e meio, chamada Little Yuki. No exato momento, Andy estava parado próximo ao bosque, local de encontro do casal, quando de lá viu sair aos risos uma garota cheia de tatuagens, acenou com a cabela e recebeu um sorriso de resposta. Humor melhor que o dele seria díficil de encontrar.
A noite estava linda, não haviam nuvens e a lua cheia era soberana no ceu apaixonado, o cheiro de mato refrescava o ar, mas a sensação mais esperada por ele ainda não chegara.
Uma mão tocou seu ombro por trás aumentando a adrenalina e os batimentos cardíacos, embaçando a visão e fazendo o sangue subir a cabeça do rapaz que se virou quase imediatamente com seus olhos negros vidrados, mas somente quando olhou para baixo viu algo, uma Little medrosa. Somente o leve odor de água e sabão que a garota exalava o fizeram voltar ao normal e exclamar:
-Uau, me desculpe, me assustei. - E curvou-se para dar um beijo na garota. - Vamos – disse oferecendo o forte braço direito ao qual ela se entrelaçou rapidamente. Os dois formavam um casal apaixonadamente engraçado.
Adentraram ao bosque e sentaram-se num branco banco de madeira. Um poste com uma lampada fraca iluminava tímidamente o lugar e o vento fazia as grandes árvores farfalharem. Olhando longamente nos olhos da japonesinha o garoto disse:
-Você está linda... e cheirosa também. - A garota estava visivelmente sem graça com o elogio, então Andy prosseguiu. - Loucura isso aqui, não? Toda essa história de bomba, o assassinato. Tudo parece tão distante quando estou com você. - O vento que arrastava as folhas secas causava arrepios em Little que respondeu numa voz macia e convenientemente baixa:
-Eu ainda tenho pesadelos com isso. Seja quem for, ainda está aqui.
-Não se preocupe, vai ficar tudo bem, vamos achar essa bomba e tudo isso não passará de uma história boba. - Ele não estava certo disso, mas precisava fingir que sim.
-E se não acharmos? Até agora não temos nenhum resultado. - Os dois eram da Inteligência – Sneer já não sabe mais o que faz.
-Ele sabe das coisas esse tal de Sneer, é muito inteligente. Ainda nos resta mais de 190 dias. - A garota não estava convencida mas mudou ligeiramente o assunto:
-Não gosto daquele Johnny. Quanto menos eu o vejo, com mais medo fico.
-Ele só tem liberdade demais e limites de menos. Não acho que seja tão perigoso quanto bobo. - O espanto repentinamente surgiu na face de Little, ele não sabia o que ele falara que causara isso, então continuou numa tentativa de consertar – Se quer saber minha opinião ...- Mas não houve tempo, a causa do espanto da pequena garota tornou-se doídamente evidente quando pelas costas Andy foi atingido por um pedaço de pau na nuca desmaiando imediatamente.
Um homem magro de meia altura, vestido inteiramente de preto saíra do meio das árvores e atacara covardemente o garoto. Agora ele encarava Little loucamente. Tirando uma faca muito afiada do bolso, num rápido golpe na altura do pescoço acabou com todo o medo da pequena garota. Deixou os dois caídos sobre o olhar piedoso da lua e voltou para o meio da mata.


Música: Die Die my darling - Misfits



18,5 - Linda e Johnny
quarta-feira, 20 de maio de 2009


Linda estava perplexa, as palavras não lhe vinham, a voz não saia, seus olhos circularam inumeras vezes pelo corpo do garoto, não por admiração e sim por espanto. Johnny quebrou o silêncio:
-Sua irmã foi mais rápida, 1 semana mais rápida. Sneer eu calculo que ainda não saiba e gostaria que continuasse assim.
-Claro, claro...mas e os olhos, cabelo, a cara, o nome?
-Tive que mudar tudo dentro do possível, mas isso não foi o problema. Você conhece minha história embora se não me engano, sua interpretação sobre o que aconteceu esteja errada. Tenho explicações, para todos os elos perdidos. Não fui eu.
Os olhos da garota estavam desfocados, refletiam a incerteza que pairava em seu cérebro. Precisava sair, precisava ficar sozinha, precisava pensar. Precisava ficar, precisava saber mais, precisava viver sua descoberta. Fez menção de se levantar mas Johnny a impediu e olhando com seus olhos intensamente azuis nos dela disse:
-Não, fique. - E tirou um baseado do bolso – Aceite, é por conta da casa.
O sol já se punha, deixando o bosque cada vez mais sombrio. Linda que acabara de recolocar as calças, agora vestia uma minúscula camiseta do AC/DC que deixava várias tatuagens a mostra, inclusive um escondido trevo de 4 folhas, na parte mais baixa do abdomen. Johnny estava de cueca e morto de fome:
-Sabe, estou pensando em dar o ar de minha graça no jantar de hoje. Não aguento mais a comida gelada que me trazem. Vá na frente, ainda não quero que Sneer desconfie de mim e tenho algumas coisas a resolver.
Quando a garota se afastou ele vestiu as calças.


Música: Times like these - Foo Fighters

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18 - Johnny e Linda
sábado, 16 de maio de 2009


Johnny estava no bosque, mais que um escritório, aquele tinha sido seu lar durante a última semana. De lá se divertia vendo Sneer ir atrás do que ele já tinha, era tudo muito claro, porém pretendia aproveitar melhor essas férias bondosamente concedidas pelo St. Jimmy. Gostava de ser o fora-da-lei, mas em breve teria que aparecer, tomar o poder. Já começara a reunir adeptos para seu plano, a guerra com Curinga estava mais uma vez iminetne. Um amassar de folhas o desviou de seu pensamento, ninguém o avisara de uma visita mas a voz pareceu confirmar suas previsões:
-Johnny?
-Lyla?
No entanto não foi a loira quem apareceu, em seu lugar havia uma furiosa Linda, que sentou-se bem a frente do garoto:
-Estava esperando minha irmã? - o brilho felino de seus olhos atingia a mesma intensidade do de seu sorriso.
-Nem fudendo, confundi a porra das vozes, estou um pouco indisposto para brigar, sua irmã me persegue, não sei se sabe. - O garoto fazia o possível para ser passível de dó. Quase conseguiu.
-Ah sim, coitadinho – Por um momento Johnny viu um sorriso de Sneer na cara da garota, decidiu mudar o assunto:
-Que bons ventos te trazem? Não foi o Curinga, foi?
- Claro que foi, ou você acha que eu viria aqui por livre e espontânea vontade?
-Seria mais agradável.
-Seria uma mentira.
-Mentiras são agradáveis. - Isso punha um fim na questão, Linda o olhava diretamente nos olhos como se o desafiasse, ele particularmente adorava isso.- Então Sneer quer saber o que eu faço aqui?
-Ele é bem controlador.
-E o que você está ganhando para vir aqui? - A garota estava dividida entre falar a verdade ou não. - Não me diga que não é nada pois eu te conheço, sua irmã tem coração, você cérebro.
- E você adora o coração dela, não é mesmo? - As palavras simplismente saíram da boca da garota, como se estivessem lá a muito tempo, somente esperando para serem .
-Prefiro os peitos, embora os seus sejam maiores. - E riu.
Foi a gaorta que mudou de assunto dessa vez:
-Então o que você faz aqui?
-Estou procurando uma bomba. - Sua voz era surpreendentemente séria.
-Você acha que está aqui?
- Não se finja de tola Linda. Mentes inquietas tem ideias brilhantes e a sua é tão desassossegada quanto a minha, tente um palpite sensato, eu adoraria ver um suspiro de inteligência para variar.
-Você planta maconha aqui – e a garota apontou para o chão – mas não consome tudo e também não faria sentido vender – Johnny incentivou-a a continuar com um aceno positivo da cabeça. - Você as troca por favores e sexo?
-Sua última palavra quase destroiu uma brilhante análise. Nunca precisei pagar por sexo, isso é uma consequência natural das coisas, eu tenho o mel. - Dizendo isso abriu um largo sorriso -Pago por ouvidos, olhos e bocas que abasteçam essa belezinha aqui. - E tamborilou os dedos numa posicão pouco acima da orelha.
-Sneer não esconde nada de ninguém, não precisa pagar por ouvidos, pode usar os seus.
- O Curinga tem um bom coração, sei que ele não esconde nada dos outros, mas os outros escondem dele. Eu também não sei de tudo, mas sei mais que ele.
- E por que alguém esconderia algo ? Estamos juntos nessa. - A atividade cerebral da ruiva era intensa para processar toda a informação.
-Ah Linda, é uma bosta ter que explicar as coias, principalmente para pessoas como você que tem a capacidade de descobrirem sozinhas. Sua sorte é que você frequenta meus sonhos – A garota demonstrava estar profundamente enojada – Aquela merda de Sneer de poder e desigualdade é a pura verdade. Em uma semana ele liderou vocês numa merda duma busca pela merda da bomba e não achou porra nenhuma. O ego de algumas pessoas não gosta de ser subordinado a alguém que elas julguem inferior, por isso acabam tentando resolver tudo por si próprias. A glória é tentadora, você deveria experimentar.
-Então você acha que as pessoas estão mentindo pra ele?
-Não, elas estão omitindo. - Houve silêncio, Johnny dava tempo para as engrenagens cerebrais de Linda trabalharem. Por fim ela concluiu:
-É uma teoria.
-Se gosta assim, eu prefiro chamar de verdade. - As palavras dele pareceram encerrar a conversa, mas obviamente Linda precisava saber mais e ficou esperando que o garoto tomasse alguma atitude. E foi exatamente o que aconteceu, o show ainda não chegara ao clímax. - A guerra com Sneer está novamente no ar. Eu gosto dele, mas mais uma vez ele está no meu caminho. No caminho do bem maior.
-De novo? Mais uma vez? - Os temores e esperanças da garota vieram a tona. Todas as suspeitas foram comprovadas quando Johnny tirou a camiseta polo que usava. Numa das costelas havia uma cruz de malta, no ombro direito uma cicatriz denunciava uma antiga queimadura. No peito esquerdo um trevo de quatro folhas extremamente igual ao que Lyla levava no pescoço.

Música: Hero of War - Rise Against

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17,5 - Linda e Sneer
quinta-feira, 14 de maio de 2009


Meyer saiu apressado e pouco tempo depois voltou com uma Linda molhada e enrolada numa toalha de banho. Uma de suas tatuagens deixou Sneer estupefato e seu queixo só voltou ao lugar quando a garota disse:
-Queria me ver Curinga? - Ela estava aborrecida – Esse maluco invadiu o dormitório feminino e me tirou no meio do banho!
-Tinham algumas garotas só de calcinha! - Meyer estava visivelmente animado.
-Bom trabalho Neville, agora se puder nos der licensa- Quando o garoto saiu, Sneer disse – Ele será punido, fique tranquila. Agora, aos negócios. - A garota não entendia bem o que estava acontecendo, mas isso não pareceu problema pois ele logo continuou – Preciso que você descubra o que Johnny está tramando.
-E por que eu faria isso?
- Porque você também quer saber – porém isso era mais um palpite que um fato. As sombrancelhas do garoto se contraíram ao dizer aquilo.
- Se eu quisesse já teria descoberto – a voz dela assumiu um tom desafiador. Sneer não pensara que teria problemas em persuadi-la e ficou sem palavras. Após deliciar um pouco o momento Linda propôs – Você mantém minha irmã longe dele e eu descubro pra você.
-Isso não será problema – a cor voltava ao rosto do garoto.
-Eu conheço minha irmã, temos um acordo?
-Sem dúvidas – Mas seu sorriso já não era mais tão confiante.


Música: Stickin in my eye - NOFX

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17 - Uma semana depois
quarta-feira, 13 de maio de 2009


A primeira semana transcorreu bem apesar do início turbulento. O sol nascia e se punha todo dia e a chuva passava longe do St. Jimmy. O sistema implantado por Sneer funcionava excepcionalmente bem no que dependia do Estado, As camas estavam sempre arrumadas, a roupa limpa e a comida pronta, fora isso não havia muito trabalho a fazer e sobrava tempo para a diversão, o ócio, discussões, amizades, armações e qualquer outra atividade que os privilegiados cérebros daqueles alunos pudessem imaginar. O susto causado pelo St. Jimmy parecia se dissipar e as preocupações se esvaírem. No entanto, a Inteligência não apresentava evolução, o insucesso na busca da bomba começava a deixar desesperançosos os mais confiantes. Sneer começou a ser questionado após a quinta busca infrutífera:
-Da próxima vez poupemos trabalho – dizia uma garota forte com cara de má. - vamos esperar o indiano ter uma visão. Centenas de teorias foram divulgadas, as mais esperançosas diziam que não havia bomba, porém a única verdade era que estavam perdidos.
Apesar das cobranças, Sneer era felicidade pura. Mesmo não tendo trocado mais nenhuma palavra com Lyla, a cada discussão ou briga da garota com Johnny, seu sorriso aumentava, de modo que também devido às suas coloridas roupas logo foi anonimamente apelidado de “Curinga” .
Outra que fazia questão de demonstrar a alegria por meio do brilho em seu sorriso e argolas era Linda, os motivos eram os mesmos de Sneer: as cada vez mais constantes e graves brigas de sua irmã com Johnny. A ruiva temia que Lyla sentisse algo pelo garoto, contudo as recentes observações aliviavam-na.
Meyer já não fedia mais e em pouco tempo deixou de ser questionado pelo que ocorrera na biblioteca. As pessoas fizeram questão de esquecer o mais rapidamente possível o que acontecera. O atrapalhado garoto aproveitou o bom humor de Sneer para voltar para baixo de suas asas.
Mesmo com as constantes discordancias com Johnny, o humor de Lyla era excelente, o que chegava a impressionar Linda, e parecia contagiar a todos que a cercavam. Não se sabe se foi o belo sorriso, o estonteante verde de seus olhos, seu onipresente e adocicado perfume ou o conjunto da obra, mas era ela a pessoa mais popular do St. Jimmy. Com exceção de Johnny, todos que conviviam 1 minuto com ela se encantavam.
O garoto que anteriormente fazia de tudo para aparecer, agora era pouco visto em público e quando o era estava fazendo a alegria de Sneer e Linda. Segundo o próprio Johnny, ele estava cuidando de seus negócios. Sabidamente (pois Sneer mandar Meyer seguir o abobalhado garoto) Johnny passava seu tempo numa parte obscura do pomar. Frequentemente garotas eram vistas saindo de lá aos risinhos, mas quando questinoadas sobre o que lá havia, se faziam de desentendidas. Meyer tinha sua teoria ao contar o que vira para Sneer:
-Vai ver ele usa leglimens nas pobre coitadas.
-Isso é o que descobriremos - replicou o garoto, como se não tivesse ouvido a maluquice dita pelo seu mais fiel servo. - chame Linda aqui – e ao ver que Meyer tentava entender o plano completou – Agora!


Música: Sell Out - Reel Big Fish

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16 - Sneer
domingo, 10 de maio de 2009


Sneer acordou no dia seguinte após um sono leve, o sol amanhecia preguiçoso, a grama brilhava o céu era arogantemente azul, um dia inspirante depserdiçado pelo medo que abatia o St. Jimmy No dormitório alguns dormiam e outros fingiam fazê-lo. Na cama ao lado Meyer fedia acordado e ao ver que Sneer também abrira os olhos se levantou, a coisa que o moreno menos precisava agora era brincar de babá, então tornou a fechar os olhos. Tentou lembrar-se de que o deixara tão aborrecido e logo a imagem de Johnny e Lyla veio a sua cabeça. Sua raiva pelo garoto bobo cresceu ainda mais e somente quando as primeiras pessoas se levantaram é que ele achou seguro sair da cama, enganou-se:
-Oi Voldy! - era a voz de Meyer.
-Nem vem, viva a sua vida, não a minha! Não sou seu pai ou seu parente, sai fora! - O garoto ficou sem reação e Sneer saiu bufando para o banheiro com uma toalha muito branca no ombro e roupas coloridas na mão se perguntando se não fora duro demais. Precisava esfriar a cabeça.
Mas seu pensamento logo se transformou quando ao passar por uma janela viu Lyla e Johnny próximos a antiga fogueira, eles pareciam estar discutindo, uma nostalgia bateu tão forte no peito dele quanto a mão de Lyla na cara de Johnny. O último ato recuperou as forças e o ânimo de Sneer, fazendo o velho sorriso prepotente voltar as suas faces. Continuou o resto do trajeto cantarolando “What a Wonderful World”.
Após o que ele julgou o melhor banho de sua vida, saiu para pregar avisos por todo o prédio:
TODOS SE DIRIJAM AO CAMPO ÀS 10 HORAS
No caminho encontrou Linda e comentou animado:
-Belo dia para se viver!
-Só para você – A garota usava preto, mas ele não tinha certeza se era por luto.
-Não ficou sabendo de sua querida irmã? - e após ver que Linda permanecia imóvel completou – Acabei de ver ela e aquele babaca brigarem feio, rolou até tapa na cara.
A notícia pareceu animar a garota que arriscou um sorriso e decidiu acompanhar Sneer até o campo onde ficaram discutindo:
Talvez a bomba esteja no subsolo, poderíamos tentar escavar isso. - disse a ruiva
-Não acho, apelativo demais, seria puro trabalho braçal, creio que o St. Jimmy espera mais de nós.
-Sim, ele espera que morramos logo.
Os dois riram da improvável piada, nem parecia que corriam contra o tempo e que um assassino estava a solta. Quando todos chegaram ao campo ele começou:
-Alguém do Estado queira vir até a frente por favor.- Lyla foi quem se levantou, ela parecia muito feliz. - É o amor – comentou Sneer de modo que apenas ela ouvisse. - Lyla, quero que divida seu pessoal, precisamos começar a trabalhar. Coloque alguns na cozinha, outros na lavanderia, no prédio principal. Dividirei os meus também, todos trabalharão pouco e teremos tempo para aproveitar essas agradáveis férias que o St. Jimmy nos deu.


Música: We Are Gonna Be Friends - The White Stripes

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15,5 - Johnny e Lyla
quinta-feira, 7 de maio de 2009


-Eu conheço bem Sneer – começou Lyla. - e sei que ele está com medo, medo de não ser o melhor, de se sentir frágil e aqui nessa fogueira estão duas pessoas que já causaram isso neles. Existe apenas mais uma, mas esta é outra história. Ele está mais preocupado em discordar de você do que em buscar a verdade.
-Você quer dizer que nós devemos transar?
A decepção assolou Lyla que se levantou silenciosamente, o que foi pior que qualquer palavra, fazendo Johnny logo mudar o tom.
-Talvez aquela não seja outra história. - A garota se virou de repente e encarou o garoto como se indentificasse a alma dele. Não demorou muito ela sorriu, mas antes que pudesse se mover ele continuou – Me desculpa, eu esqueci que com você não preciso ser um idiota. - Johnny não tinha muita experiência com a sinceridade, mas o brilho no olhar da garota, o doce perfume que ainda prevalecia e a pouco visível tatuagem de trevo no pescoço despertavam essa qualidade nele. Sempre fora assim:
-Eu sabia! Sempre soube! Não foi você não é mesmo? - Ela se agarrava na idéia com todas as suas forças, queria acreditar que aquilo era verdade.
-Não, fomos todos e nenhum de nós. - Nada mais foi dito durante muito tempo. A palavra seguinte veio junto com os primeiros raios de sol:
-É melhor nos vestirmos, antes que alguem acorde.


Música: Woman - Wolfmother

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15 - Todos
terça-feira, 5 de maio de 2009


Lyla seguiu para a cozinha atrás de comida. Agia mecânicamente, seus pensamentos estavam cada vez mais confusos. Primeiro Sneer aparecia ali no St. Jimmy, depois Johnny mostrava que não era um idiota completo e em seguida Linda ia atrás dele, no fundo sentia raiva da irmã por isso. A loira ainda usava o terno dado pelo inquieto garoto e ao fuçar um dos bolsos achou um papel e uma caneta, na hora não entendeu bem o significado daquilo e voltou ao preparo dos sanduíches.
Quando voltou ao campo, a fogueira já aquecia e iluminava todo o lugar, a cova já havia sido cavada, só faltavam mesmo os pouco cobiçados lanches. Por maior que fosse o cansaço, ninguém ali parecia estar com fome.
O enterro parecia uma tarefa a ser cumprida o mais rápido possível, todos ali desejavam o conforto e a solidão de suas camas, havia muito a pensar. A garota foi enterrada sem palavras gentis nem pomposas homenagens, ninguém ali a conhecia e nem iria fazê-lo.
Terminada a breve cerimônia, as isoladas, caladas, solitárias e imundas pessoas que ali estavam foram se encaminhando pouco a pouco para os dormitórios, rumo a uma noite mal dormida. No campo restaram só 5: Johnny, Lyla, Linda, Sneer e o inconsciente e fedido Meyer, os 4 primeiros estavam sentados em torno da fogueira que chegava ao fim e gerava cada vez menos calor para aquelas geladas almas. Por muito tempo ficaram calados ,cada um ali esperva ter a chance de ficar a sós com outro, mas nenhum, por teimosia ou persistencia, abandonou a fogueira. Lyla repousava a cabeça no ombro da irmã, os outros dois já não faziam o mesmo e após lentos minutos ouvindo apenas o som distante de um grilo cantar a morte numa distante árvore em luto, Johnny que não conseguia aquietar-se disse:
-Vamos acordar esse idiota. - Houve novamente silêncio, entendendo isso como um sim o garoto levantou se e disparou um poderoso chute na boca do estômago do fétido adormecido que acordou rapidamente. Sneer comentou:
-Que pena, eu já estava excitado com a possibilidade de dar-lhe um beijo.
Abrindo lentamente os olhos, Meyer perguntou tão assustado quanto confuso:
-Que houve? O pesadelo acabou vovó?
-Vovó o caralho, meu nome agora é Johnny Fun! - disse o menino e logo após soltou uma gargalhada gostosa.
-Somos nós que queremos saber o que aconteceu- Sneer interviu.
-Aconteceu? Onde? Quando? - O pálido rosto de Meyer exibia ainda mais dúvidas, se é que isso era possível.
-Na biblioteca, hoje a tarde, uma garota foi assassinada com uma facada no estômago, você é o único que pode ter visto algo. Conte-nos. - A didática transparecia na voz de Lyla.
- Pensei que era apenas um pesadelo, não me recordo direito, não houve som algum, quando me virei para pegar um livro eu a vi caída, agonizando pela vida. – Sneer soltou um suspiro, obviamente não pensara que Meyer soubesse o significado de agonizar – Foi tudo muito rápido, só pude ver um vulto negro fugindo pela janela, tentei fazer alguma coisa mas minhas pernas se recusavam a mover-se. O resto vocês sabem melhor que eu.
-Então não foi nenhum de nós? - A voz de Lyla parecia quase alegre.
-E..eu não posso ter certeza, foi tudo muito rápido, apenas um vulto – fazendo o rosto da garota murchar novamente.
-Não saímos do lugar não é mesmo? - comentou Linda
- Sim, ainda estamos todos em volta da fogueira. - A piada de Sneer não provocou risadas,
-Não me inclua nessa! Para mim o assassino é tão claro quanto que o indiano é uma bicha. - Johnny estava com os olhos fixos em Meyer, os outros 4 tinham os seus fixos nele. - Pensem um pouco, só temos a palavra dele – e apontou para Meyer – e eu não confio! - Seu rosto estava muito vermelho, as veias saltavam de seus braços.
-Você acha que esse idiota matou a garota? - Sneer, Lyla e Linda estavam indignados.
-É! Você acha que eu matei a garota? - a voz esganiçada de Meyer era fraca.
-Vocês entenderam meu ponto de vista. - Porém ninguém estava convencido.
-Por que não você? - Sneer estava articulando a ideia – você foi o único que se reusou a fazer qualquer coisa, disse que tinha seus negócios a resolver, que negócios são esses?
-Fui plantar minha erva. Não vou ficar 200 dias sóbrio, você usa seus métodos e falsos discursos para seus malditos objetivos, eu uso os meus.
-Temos somente sua palavra – e após uma pausa melodramática concluiu- e eu não confio.
Os dois garotos se encaravam ferozmente, a briga estava iminente, mas não seria um duelo de socos e pontapés, não, uma grande guerra estava por começar, entre duas mentes inquietas e um psicopata maluco. Tudo junto ao mesmo tempo.
-Já basta para mim! - Sneer iria explodir a qualquer instante – vou dormir, alguém vem? - Até ele tinha medo de andar sozinho.
Neville foi o primeiro a se levantar. Após uma significativa troca de olhares, Linda levantou decepcionada e seguiu os outros dois gaortos. O vulto de Meyer foi o último a desaparecer.


Música: Hate to Say I Told You So - The Hives

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14- Johnny e Linda
domingo, 3 de maio de 2009


Os dois saíram pelo caminho cimentado, mas Linda não parecia muito interessada em enxadas. Os últimos raios de sol começavam a abandonar aquele turbulento dia e uma brisa gelada fez arrepiar os pelos dela. Percebendo isso Johnny comentou:
-Eu geralmente causo isso nas garotas. - Deu seu sorriso bobo com os olhos fixos nos peitos de Linda e adicionou – São maiores que os da sua irmã.
-Cale a boca ou irei me certificar de que o próximo enterro seja o seu. Agora me de um baseado, essa merda toda é demais pra mim – justificou-se.
O garoto tirou o cigarro do bolso e obedeceu prontamente a ordem da ruiva:
-É meu último, mas acho que em uma semana o que plantei já poderá ser utilizado. - Linda não pareceu se importar com isso e seguiu no mesmo tom autoritário após uma tragada:
-O que você quer com minha irmã?
-Haha! É protetora você? - E riu novamente.
-Apenas responda. - A paciência dela não duraria muito.
-Ela estava com frio, eu tinha um terno sobrando. Não sei se você já percebeu, mas sou um cavalheiro.
-Responda a minha pergunta! - E levou novamente o cigarro a boca como se contasse até 10.
-Você já sabe a resposta, não? É bem inteligente. Para que pergunta, quer que eu satisfaça seu ego? - Um tom sério, nunca antes ouvido por Linda apareceu na voz do menino. Foi a primeira vez que ela se sentiu realmente ofendida com uma palavra dita por Johnny.
-Vamo pegar a maldita enxada. - Disse encerrando o assunto.
-Foi o que eu pensei. - E o velho conhecido sorriso do garoto voltou a face.
Não demorou muito para que chegassem até o local onde ficavam guardados os instrumentos de jardinagem. Fizeram o que tinham que fazer e voltaram para o campo, sem mais nenhuma palavra, no entanto com vários sorrisos do garoto e olhares falsamente repugnados e disfarçados da garota.


Música: Blind - Face to Face

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13 - St. Jimmy
sexta-feira, 1 de maio de 2009


Foi a voz de Johnny que o sucedeu:
-Silêncio, o presidente vai falar. - E desatou a rir. Sneer virou-se para ele e seus olhos se cruzaram com os de Lyla, era o oxigênio que faltava para aquela combustão tornar-se completa:
-Você daveria falar mais, tudo que sai de sua boca é tão edificante! - No entanto Johnny não estava dando a mínima importância para o que ele falava. - Agora temos atitudes a tomar, creio que não há mais dúvidas de que isso tudo é real, não parece haver obstáculos que impeçam o St. Jimmy de nos dar uma pouco ortodoxa educação. - Ele não tinha pensado em nada daquilo, sua cabeça estava em outro lugar, mas as palavras continuavam a sair de sua boca. - Não podemos ficar parados lamentando tudo isso. O assassinato dessa garota não pode e não irá nos separar, temos que confiar uns nos outros, por mais difícil que possa ser. Somos tão fracos separados quanto fortes unidos. - estranhamente seus olhos foram parar em Johnny que sorria. - Acho que podemos começar dando um enterro digno à essa heroína que morreu por nosso futuro, mas antes gostaria que um representante de cada pelotão relatasse os resultados de sua operação. Não iremos ficar parados no momento em que mais precisamos trabalhar.
Os ouvidos de Sneer captaram aplausos singulares. Era Johnny, o garoto estava de pé e aclamava vigorosamente. Sem saber se isso era uma ironia ou não, ele apenas agradeceu, uma resposta adequada para qualquer uma das ocasiões, e continuou:
Fui um dos responsáveis por vasculhar o segundo e terceiro andares e ambos estão vazios. Nas classes não há carteira nem mesas ou cadeiras. Todas estão extremamente limpas, nem a poeira ficou para contar a história.
Ele sentou-se e foi seguido por um garoto negro, alto e forte com um sorriso que tentava mostrar simpatia. O rapaz relatou como era o quarto andar: composto por um laboratório muito bem equipado e aparetemente pronto para qualquer necessidade. Grandes janelas e azulejos brilhantes revestiam o local.
Foi sucedido por uma garota com braços e canelas largas e cara de má que descreveu o quinto andar como um grande salão de jogos na ala sul, com confortaveis poltronas, uma lareira elétrica, mesas de bilhar, baralhos diversos e todos os acessórios que um jogador poderia sonhar. Na ala norte se encontravam salas de estudo povoadas com escrivaninhas, papéis em branco e sofás de couro. O chão era de bambu e as janelas se repetiam, como em todo edifício.
Ela sentou-se e outra garota deu sequência com a descrição do sexto andar que coincidia com a do sétimo e último. Lá haviam dois dormitórios, camas arrumadas suficientes para todos, com as malas posicionadas ao lado das respectivas. Havia também um grande banheiro pronto para ser usado, com estoques de toalhas, sabonetes, shampoos, cremes, pastas e escovas de dentee e até acessórios de barbearia.
O grupo seguinte havia estado na lavanderia que se encontrava tão pronta para uso quanto os banheiros. No pomar haviam variados tipos de agricultura e o bosque era um agradável local para um passeio. O refeitório tinha espaço para todos se alimentarem simultaneamente, além de uma cozinha repleta de massas, grãos, carne, e outros suprimentos, porém o que mais chamava atenção era uma televisão de incontáveis polegadas que insistia em se manter desligada, assim como algumas câmeras espalhadas por toda a propriedade. O último fato pareceu intrigar não só o grupo que os relatara, mas aos que ouviam também. Havia uma ansiedade no ar que se referia ao momento em que os aparelhos seriam colocados para funcionar.
A última a falar foi Linda. Todos já haviam ouvido da garota o que acontecera, mas mesmo assim esse era o relato mais esperado:
-Durante o tempo que procuramos na biblioteca não encontramos nada além de livros velhos, sol massante, poeira e um cadáver. - Disse isso tudo impacientemente e voltou a sentar-se. Sneer retomou a palavra:
- Como nosso limpo e cheiroso amigo continua dormindo, creio que devemos prosseguir. Aparentemente não há mais ninguém na propriedade além de nós. - Todos já tinham chegado a essa conclusão, o assassino estava no meio deles. - Visto que o St. Jimmy aparentemente não quer nos matar de fome, creio que podemos começar a festa não é Johnny? - Mas as ironias de Sneer produziam bocejos e não risos, precebendo isso ele voltou ao tom sério – Temos um enterro a organizar, precisamos que algumas pessoas da Inteligência façam a cova aqui no campo mesmo, o Estado poderia nos providenciar a comida e uma fogueira. - O colorido garoto ficou mais tranquilo ao ver que não haviam discordancias em relação às suas decisoões.
Somente Johnny se levantou, as outras pessoas temiam a solidão na mesma intensidade que a compania:
-Alguém me leve até uma enxada, não vou matar mais ninguém hoje, prometo. - O comentário gerou indignação em quase todos, a exceção foi Linda que ordenou ao garoto:
-Me siga.


Música: 99 Red Baloons - Goldfinger

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