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87 - Um garoto chamado Taylor
segunda-feira, 17 de maio de 2010


O sol começava a ir embora, em breve a beleza de seu poente daria lugar a uma assustadora paisagem composta por escuridão e incertezas. Era nessa hora que Travis deveria atravessar a floresta e substituir quem quer que fosse que estivesse vigiando os pobres prisioneiros.
Com uma alegria incomum para aquela situação o garoto se embrenhou na mata despreocupado, Ele prometera que aquele seria o último dia de Travis como capanga, depois disso o garoto só precisaria pegar o dinheiro combinado e esperar tranquilamente aquela loucura do St. Jimmy acabar. Travis era um menino forte e se considerava inteligente o suficiente para saber que a vida dali para frente seria mansa. Deixou-se levar pelo devaneio e quando a mente deixou de vagar estava em alguma praia de mar transparente com duas belas garotas nuas a seu lado:
-Ah – foi tudo o que conseguiu dizer para a mata que se fechava a sua frente.
Voltou a pensar no que o esperava. De certo modo sentiria falta dos coitados que ali estavam. Nunca falara com nenhum deles, nem ao menos os vira acordado, mas passara esses últimos dias em constante contato com aquela inerte e estranha pilha humana. Esperava sinceramente que eles não morressem.
Precisava, no entanto, preocupar-se consigo mesmo, por isso abandonou os pensamentos de piedade. A escuridão já tomara forma e o único jeito de se orientar na mata era por uma discreta trilha que seguia diretamente pra clareira.
Insetos e outros animais insistiam em dar a caminhada um suspense desnecessário na opinião dele. A cada farfalhar de folhas ou partir de galhos Travis olhava assustado para trás, a procura de seu perseguidor imaginário. E ele veio.

Como se tivessem se materializado da árvore, dois braços o agarram firmemente, fazendo seu coração imediatamente disparar. De algum outro canto escuro um punho surgiu e o atingiu covardemente no estômago. Travis curvou-se e, quando a dor amenizou-se o suficiente para que a lucidez retomasse o comando, deu-se conta de que estava com os braços amarrados e com uma cara que, mesmo com a pouca luz, era incrivelmente pálida, colada na sua:
-Travis, Travis meu amigo – começou a voz prepotente de Johnny Fun – você está com vontade de nos ajudar não é mesmo?
O garoto nada disse, a dor em sua barriga ainda era forte o bastante para impedir-lo de falar:
-Tudo bem – continuou Johnny – nós já sabemos de tudo mesmo. Você só precisa ficar ai quietinho, depois resolvemos o que vamos fazer com você. Seria gentil da sua parte nos desejar sorte.
Travis reuniu a pouca dignidade que ainda não fora vendida e cuspiu no chão em sinal de desprezo:
-Isso basta – agradeceu Johnny – agora Sofia, você e Charlie se importam de fazer companhia para o gentil cavalheiro?
-Nem fodendo – Travis ouviu a voz da garota cortar – eu vou atrás de Linda.
-Sofia... - implorou Johnny com as palavras não ditas. Era bom saber que existia alguém nesse mundo a quem ele não manipulasse.
-Gavin, eu vou atrás dela e você não vai me impedir – apesar de Travis não conhecer nenhum Gavin, aquilo pareceu encerrar o assunto pois Johnny conformou-se:
-Ok, Charlie, você acha que consegue cuidar do nosso amiguinho?
-Tudo bem – tranquilizou a voz de Charlie – agora vão que já se passam das oito.
Travis só pode observar Lichba, Andy, Johnny e a poderosa Sofia seguirem a mesma trilha que ele seguiria. Ah, que bela garota aquela Sofia! Temia estar apaixonado.


Música: Longview - Green Day

1 Comentários:

  • você deveria voltar a atualizar 2 vezes por semana =]
    brincadeira, faça como deseja, se continuar atualizando.

    Por Anonymous Anônimo, Às 19 de maio de 2010 às 13:26  

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