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12 - Linda, Sneer, Lyla e Johnny
quarta-feira, 29 de abril de 2009


O sol começava a se por quando todos voltaram para o campo. A morte da garota era muito mais que apenas uma simples e triste perda de vida jovem, era a confirmação de que aquilo tudo era real, sem pegadinhas ou brincadeiras: uma bomba explodiria os “300 futuros mais promissores do país”. Para piorar ainda havia um assassino a solta ou numa visão mais pessimista, no meio deles. A palavra esperança foi a primeira a ser riscada do dicionário do St. Jimmy.
Linda e os outros que estavam na biblioteca agora eram alvo de constante curiosidade e preconceito. A garota teve que repetir milhares de vezes que o único que poderia ter visto algo era o ainda desmaiado Meyer, na milhonésima primeira ela estourou e mandou todos para o inferno, mas foi prontamente avisada de que já estavam lá.
Sneer era de longe o que se mostrava mais forte, no entanto por dentro era pura tormenta. Toda a tragédia parecia extremamente boa quando comparada com o que ele sentia por Lyla, depois do episódio da sala ele evitava até mesmo olhar a garota que estava sentada sozinha, isolada, tremendo de frio num canto distante da arquibancada.
O sentimento se resfriava na garota e as gélidas brasas faziam seus belos olhos lacrimejarem.Ela só levantou a cabeça quando ouviu passos em sua direção, mas desapontada voltou a baixá-la, era Johnny:
- Não desperdice suas lágrimas por mim.- Tirou um baseado do bolso e ofereceu para a garota que aceitou, o que gerou uma risada seguida de um “Uau” por parte do garoto. - Tome, você parece estar com frio. - E estendeu-lhe o terno outrora roubado.
Lyla já não chorava mais. Estava um pouco desconfiada da bondade de Johnny e assim que vestiu a peça de roupa, devolveu o cigarro para o garoto que sorriu. Do mesmo modo que a irmã ela precisava descarregar a raiva em alguém, já tinha sentimentos problemáticos demais para se preocupar e olhando no fundo dos olhos do garoto disse:
- Como pode sorrir ainda? Você é surdo? Talvez cego? Não percebe o que está acontecendo. - Mas quanto mais fundo ela olhava nos olhos do garoto, menor era a raiva em sua voz, um pensamento veio em sua cabeça, sua intuição sabia que era verdadeiro, mas não poderia ser, simplismente não poderia.
-Já temos gente demais chorando por aqui, estamos todos na mesma merda, não devemos ficar uns contra os outros. Assim como vocês homenageiam a garota com lágrimas e belas palavras, eu prefiro um sorriso. Um assassinato já traz tristeza suficiente. - Contudo ele sabia que a morte da garota era o menor dos motivos pelos quais as maquiagens feitas numa manhã ainda bela se borravam.- Eu sou assim, e fodam-se os outros.
Mas antes que Lyla pudesse processar tanta informação, a voz de Sneer sobressaiu à dos demais:
-Precisamos fazer algo. - Não era uma sugestão, era uma ordem.


Música: Alone - Suicidal Tendencies

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11 - Lyla e Sneer
sábado, 25 de abril de 2009


Sneer e Lyla estam junto com outras tantas pessoas vasculhando as numerosas classes do segundo andar, numa atividade monótona e improdutiva pois até agora tinham encontrado todas desrtas, nenhum único mapa, giz, mesa ou cadeira: aquilo estava tão vazio quanto o cérebro de Meyer. O sol que entrava avassalador pelas largas janelas dando uma iluminação alaranjada ao local o transformava num inferno.
-Pelo menos não precisamos esvaziá-las – começou Sneer quando acabaram de verificar o óbvio, todas as salas estavam vazias. Subiram um andar sem muita esperança e Sneer sugeriu num tom de ordem:
-Vamos nos separar, devem ser umas 30 por aqui, se dividirmos o trabalho economizaremos tempo e voltamos a tempo para festa do nosso amigo. - Fazendo uma referencia a Johnny que foi respondida com alguns risinhos forçados.
Quando todos se afastaram rumo às respectivas tarefas, o garoto puxou Lyla para um dos cômodos vazios e fechou a porta. Planejava aquilo desde que a vira no campo, mas mesmo assim não sabia o que falar:
-Paraíso isso aqui hein! - A garota ainda olhava abismada para ele. Era tudo feliz demais, triste demais, confuso demais.
-Como?Como? O que você faz aqui? - Apesar de ter milhares de perguntas a fazer, a única desesperada que saiu da sua boca foi essa. Ela já não exibia o mesmo brilho no sorriso e o verde dos seus olhos estavam tristes.
-Eu dei um jeito, fiquei louco depois do verão, não aguentava ficar longe! - A qualquer momento ele explodiria, não conseguira planejar a emoção de estar ali com ela depois de tanto tempo. Segurou as mãos da garota que agora o encarava penosamente.
-As coisa mudaram, você sumiu e nunca mais entrou em contato! Não deixou nem uma merda de um bilhete! Eu não sabia o que fazer, o que pensar, fiquei arrasada! - A volta de todas aquelas sensações parcialmente esquecidas despertava o pior dela.
-Eu não pude, entenda! Mais tarde te explicarei toda a história, no momento apenas confie em mim, precisamos fugir disso aqui.
Eles se olharam pelo que pareceram décadas. Uma sensação que Sneer conhecia bem começou a tomá-lo. Mas aquela sublimação teve fim nas palavras de Lyla:
-Se você não quiser me odiar é melhor ir embora. - Lyla tentava se controlar e não descontar a raiva que renascera nela e que agora ardia tristemente.
Aquilo foi como um tiro no peito do garoto. Ele se virou cambaleante, sem direção com um único pensamento. “Não, eu nunca vou te odiar”, porém, de sua boca saiu apenas um:
-Tarde demais. - A frase fez os olhos de Lyla lacrimejarem, mas as lágrimas não foram suficientes para apagar aquilo que ardia em seu peito. Com a visão embaçada, observou o garoto sair sem rumo pela porta.

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10- Linda
quinta-feira, 23 de abril de 2009


-Maluco. - Comentou o musculoso com um ar de superioridade.
-Cala a boca idiota! Aconteceu alguma coisa, ele está sangrando. Quem estava fazendo dupla com ele? - Linda gritou a última frase, mas não obteve nenhuma resposta. A garota repetiu a pergunta, mas sem sucesso. Algo começava a se inquietar dentro dela, uma má intuição indicava que eles agora estavam mais do que nunca em desconcerto.
Foi até o garoto caído sem consciência mas nele não havia nenhuma ferida, o sangue que cobria seu corpo não era dele, só podia ser...
-Vamos, achem a garota! - E saiu correndo na direção em que Meyer viera. Depois de alguns passos rápidos e temerosos chegou ao corredor destinado aos livros de matemática. No chão, um livro recoberto de números se encontrava aberto, ao lado dele o corpo da garota chorona caído, com muito sangue e sem nenhuma vida. Uma faca enterrada no estômago cessara para sempre as lágrimas.
Afastando o terror, Linda berrou:
Quem fez isso não pode estar longe, vigiem as saídas, achem o desgraçado. Você – e apontou para uma garota que chorava timidamente. - tente acordar o lunático e você otário – dessa vez ela apontava para o garoto musculoso agora sem nenhum sorriso no rosto, me ajude com o corpo.
-Mas..mas está coberto de sangue. - O ar de superioridade agora dava lugar a uma cara de nojo e espanto.
-Deixe de ser fresco, vamos levar isso para o campo, todos precisam ser alertados, temos um assassino a solta! - Dizer a última frase em voz alta tornava tudo muito pior.
Linda e o garoto seguiram para o campo com pressa. Meyer continuava desmaiado e nada que fizeram mudou isso, então o garoto teve que ser carregado também. Após algumas buscas completas verificou-se que não havia mais ninguém na biblioteca.
Durante o trajeto cimentado nenhuma palavra foi dita, nem mais nada foi feito. Não estavam mais todos juntos, agora era cada um por si. Desconfiança, terror, medo e impotência eram os sentimentos que assolavam os 9 alunos que ali estavam. Entre eles 8 vítimas, entre eles 1 assassino. A sagacidade daquele Joey Ramone nunca parecera tão falsa para Linda.


Música: Sad but True - The Transplants

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9 - Linda e Meyer
quarta-feira, 22 de abril de 2009


Em pouco menos de uma hora eles já estavam divididos. Um grupo de 150 pessoas foram atrás da bomba. Eles iriam mapear todo o terreno e colher tudo aquilo que pudesse ser útil. Os 150 restantes se dividiriam na busca de comida, roupa e abrigo. O primeiro grupo foi intitulado Inteligência e o segundo Estado, era na Inteligência que se encontravam Linda e Meyer, os dois e outros 8 alunos se encaminhavam para a biblioteca.
Atravessaram o caminho cimentado, passando pela cantina agora deserta. O sol estava avassalador e o terror parecia assolá-los violentmente. Meyer olhava para trás a todo instante como se esperasse que Sneer aparecesse para salvá-lo de tudo aquilo. Do lado do garoto uma garota branquela chorava incessantemente. A única que parecia inabalável era Linda. Por trás das tatuagens e alargadores estava determinada a acabar logo com aquilo tudo. Fizeram o trajeto todo tendo como trilha sonora os soluços da garota chorosa e um canto feliz de um pássaro que sofria frequentes e raivosos olhares da gêmea. Como alguma coisa por mais ínfima que fosse poderia estar feliz em meio a tudo isso? O negativismo deveria afetar a tudo e a todos, urubus deveriam cercar a propriedade e não alegres e coloridos pássaros.
Poucos minutos depois chegaram às pesadas portas do prédio princiapl. A biblioteca se encontrava lá dentro, mais ao sul. Porém ao colocar a mão na maçaneta e girá-la, Meyer constatou o óbvio:
-Está trancada.- Ninguém respondeu, todos contemplavam desanimados o alvíssimo prédio.
-Poderíamos tentar empurrar todos juntos. - Sugeriu um garoto musculoso que tinha um sorriso abalado.
A proposta foi aceita sem nenhuma palavra e instantaneamente quase todos começaram a empurrar a porta. Não conseguiram move-la, no entanto pode-se ouvir uma risada de deboche do outro lado. A garota chorona estava agora petrificada.
Meyer olhou ao seu redor e intrigado disse:
-Não eramos 10? - Após uma rápida contagem, percebeu-se que só haviam 9 deles ali.
-Aquela garota estranha, onde se meteu?
Ouviu-se um rangido de portas se arrastando e Linda surgiu com um largo sorriso. Para o espanto de todos ela estava dentro do prédio:
-Mas como? - Perguntou o garoto musculoso e em resposta recebeu um aceno com a cabeça. Todos se viraram para onde a garota apontava e viram uma janela estilhaçada pela qual obviamente ela entrara:
-Eles deixaram a chave na porta. Creio que trancaram por pura piada. - e balançou um objeto brilhante produzindo um som irritante.- Vamos, a biblioteca é logo ali.
Em poucos passos eles atravessaram o saguão de entrada e adentraram a gigantesca biblioteca. As paredes eram tão brancas quanto as externas, grandes janelas davam uma iluminação edênica ao lugar. As prateleiras eram todas de mogno e recheadas por centenas de milhares ou talvez milhôes de livros. Levariam anos para vasculhar tudo aquilo:
-OK, vamos nos dividir. - Foi a voz de Linda que quebrou o silêncio. - Pelo que contei são vinte fileiras, nos separaremos em duplas. Você otário. – e apontou para o garoto musculoso, que não parecisa ter se sentido ofendido pois apresentava um sorriso triunfante. - Vamos por aqui. - E se encaminhram para as duas primeira fileiras. Os outros fizeram o mesmo nas restantes. Os últimos a se afastarem foram Meyer e a garota chorona.
-Bem, se não me engano os livros estão divididos em assuntos e em ordem alfabética. Devemos estar na parte de biologia. Vá tirando os livros e me passando, você faz o trabalho braçal e eu o intelectual. - Vendo que o garoto ainda estava abobalhado completou: - Vamos!
-M..mas nós, eu p..pensei que.. - porém ele não precisou terminar, a garota já tinha entendendo o recado e exibia uma cara de profundo nojo:
-Não! Eca, cale essa boca e trabalhe se quiser sair daqui com vida.
E sem protestar o garoto retirou “Anatomia animal” da prateleira e passou desanimadamente para Linda, que pegou o livro, deu uma rápida folheada, uma chacoalhada e vendo que não continha nada além de vacas e cachorros cortados ao meio jogou-o com violência no chão. O mesmo aconteceu com centenas de livros seguintes.
O sol que entrava pela janela começava a cozinhá-los la dentro. A poeira antes acomodada junto aos livros na prateleira, agora causava espirros por toda a biblioteca. As folheadas e chacoalhões já não eram mais tão vigorosas devido ao sono que começava a tomar conta de todos ali. Foi um grito esganiçado de terror que rompeu o tédio e despertou a todos. Linda só pode ver um Meyer ensanguentado correr desesperado em direção a porta:
-Trasgo! Nas masmorras. - E dizendo isso desmaiou.


Música: Hisghway to hell - AC/DC

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8- Sneer
terça-feira, 21 de abril de 2009


Nesse momento o caos reinava. Apesar da incerteza, a previsão de uma desgraça era uma ideia cada vez mais fixa na cabeça daquelas 300 pessoas. Discussões sobre até que ponto tudo isso seria verdade, ou até onde iria o St. Jimmy para “ensiná-los” e inclusive se apareceriam em algum canal de TV e se ficariam famosos. Uma garota de traços orientais chegou a cogitar um documentário, causando alguns risos nervosos.

Foi Sneer quem decidiu tomar uma atitude. Num repentino e imponente grito pediu:
-Será que todos poderiam se sentar novamente? - Por falta de opções os alunos foram aos poucos se acomodando mais uma vez na arquibancada. O último a se sentar foi o encharcado Johnny. Sneer retomou. - Bom, precisamos fazer alguma coisa, tenho algumas ideias e gostaria de apresentá-las. - e após um silêncio de aprovação ele continuou, inquieto e pouco seguro da aceitação. - Temos 200 dias para achar uma bomba e desativá-la. Sim eu acredito que há uma bomba – completou após alguns olhares indagadores. - Se ela estivesse explícita creio que teríamos um tempo mais curto, logo deve estar extremamente bem escondida. Teremos que providenciar comida e abrigo para todos, proponho que nos dividamos em 2 grupos. O primeiro irá atrás da bomba, mapeará o terreno, procurará em todos os cantos da escola por qualquer pista e trabalhará para desativá-la assim que encontrarmo-na. O segundo irá atras de roupa, comida, medicamentos e tudo que possa ser necessário e útil em nossa agradável estadia nesse inferno.- Ele fez uma pausa esperando aprovação ou qualquer outra demonstração de conscentimento, mas foi Johnny quem falou, causando um estranho frio na barriga de Sneer:
- Como tem tanta certeza que isso não é uma grande pegadinha? Não está indo longe demais com essa porra? É só alguem pegar uma merda de um celular e ligar para um filho-da-puta vir nos tirar daqui!
- Tenho tanta certeza quanto a de que você é um gênio. Mesmo que seja uma brincadeira de mal gosto prefiro não pagar para ver, ele queria que nos organizássemos, que aprendessemos a encarar desafios, fazer escolhas, tomar decisões que podem mudar nossa vida. É o que eu vou fazer. Quanto aos celulares, eles foram recolhidos na entrada, mas creio que você estava chapado demais para perceber.
- Foda-se, não me parece que aqueles malucos idiotas queiram nos ensinar algo, caso contrário não tentariam nos matar. Não sou otário como vocês, eu entrei com o meu celular e está bem aqui no bolso de minha calça. - E para a decepção de todos que o olhavam esperançosamente ele tirou um aparelho encharcado e totalmente inútil do bolso. - Bom, esse merda não funciona mais, mas acho que alguém lá de fora vai perceber quando não aparecermos, não?

-Nós viemos para passar o ano em regime de internato aqui. Onde você estava quando fez a matrícula?
- Isso não te importa, mas voltando ao seu infalível plano, Cebolinha. Você será nosso líder? - As outras pessoas eram meras espectadoras da discussão, tinham suas perguntas nas palavras de Johnny e suas respostas nas de Sneer.
-Não. Creio que o poder é a origem da desigualdade e aqui somos todos aprendizes ou vítimas se preferirem. Se essa bomba explodir, não creio que ela vá deixar alguém sobreviver só porque é bonitinho ou tem uma gorda conta bancária. - Sneer não sabia como um pensamento tão filosófico tinha saído dele, mas ficou feliz em verificar que Johnny parecia desistir e se calar. Engano dele:
-Por que não fugimos simplismente e deixamos a bomba explodir toda essa bosta? Enquanto isso poderíamos estar aproveitando melhor o tempo. - E virou-se para Linda com um sorriso sedutor.
Mas Sneer não precisou responder essa, pois 298 olhares fuzilavam raivosamente o garoto que se calou.
- Bom, vamos nos dividir.

Música: Should I Stay or Should I Go - The Clash

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7 - Johnny Fun
quarta-feira, 15 de abril de 2009


Johnny não conseguiu acreditar na sua sorte. Ainda sorria olhando o robô sem cabeça que acabara de dar aquela maravilhosa notícia. Não seriam necessários nem livros nem contas, aquelas seriam férias de 200 dias gratuitas, nas quais tudo que teria que fazer era ficar se numa piscina fumando seu baseado cercado de garotas.
O resto das pessoas estavam apavoradas, alguns cochichavam perguntas nos ouvidos de colegas que não tinham as respostas, outros desciam as arquibancadas em direção aos destroços do que anteriormente os falava. Os membros haviam voado em todas as direçoes, pernas, braços, mãos, pés e uma cabeça juntavam-se a grama muito verde na composição do campo. O terno permanecera inteiro e do pescoço saíam alguns fios. Johnny desceu até lá e pegou o terno do ex-homem e disse:
Eu fico com isso, e ficaria com aquilo também – e apontou para uma das mãos – se fosse uma diretora, se é que vocês me entendem. - E piscou para uma garota muito branca de olhos pequenos. Mas antes que terminasse de despi-lo ouviu uma voz:
-Não toquem nele. - Johnny viu um garoto moreno, com cara de indiano e muito colorido dando ordens e atrás vinha o cambaleante Meyer.
-Bela roupa, mas ainda não estamos no carnaval. - Algumas pessoas riram e ele completou. - Bom, foda-se, não acho que alguém vá querer comprar isso aqui, e eu não sou otário suficiente para usá-lo.
Meyer que se encontrava assustado às costas do garoto mandão parecia murmurrar:
-O tiro, o tiro. - Mas o moreno não respondia, tinha olhar fixo em uma das gêmeas.
Johnny resolveu cortar o clima de romance:
- Nós devíamos fazer uma festa, ai você poderia colocar mais que os olhos nela. - E riu gostosamente da própria piada. - Eu acho que posso plantar um pouco disso, ouvi dizer que há uma pomar por aqui- E mostrou o baseado recém acendido.
O garoto colorido parecia ter saído do transe por que voltou a falar:
-Grande ideia! Vamos fazer 200 dias de festa e esperar essa merda toda explodir. Não creio que precisaremos de coisas supérfulas como comer, ou dormir. A bomba deve estar na biblioteca, junto com um bolo de parabéns..
Na verdade deve estar bem aqui no X.- E Johnny tirou um mapa bem detalhado do bolso do terno, mas antes que alguém pudesse tirar o papel dele, ele o enrolou no cigarro que fumava. - É uma boa seda também.
Quando consguiram tirar o cigarro do garoto, o mapa já estava carbonizado e ilegivel. Vendo-se cercado por olhares furiosos apenas disse:-
-As vezes ele tinha uma cópia no outro bolso, vão procurar.
Jogou o terno parar cima e aproveitando a distração momentanea correu para uma piscina que ficava o outro lado do campo e sem retirar qualquer peça de roupa lá mergulhou.


Música: Check it out - Beastie Boys

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6- A Aula
domingo, 12 de abril de 2009


O diretor era um homem de estatura média e muito magro. O pouco cabelo que lhe restava era grisalho, seus olhos eram castanhos e a barba fora claramente bem feita.Uma longa cicatriz estampava seu longo pescoço. Seu terno era ainda melhor do que o do homem que repreendera Sneer na entrada, sua voz mecânica ecoava alto como um trovão:
Como alguns aqui sabem – e seu olhar foi parar no garoto que ainda sorria bobamente – sou Robert Boss, ou para vocês, diretor Boss. - ele fez uma pausa para observar a reação dos alunos, apavorá-los era seu esporte favorito, continuou com os olhos fuzilando o mesmo garoto que agora cochichava algo para enjoada colega a seu lado. - Vocês irão descobrir, por bem ou por mal, que sou extremamente intolerante e não permitirei qualquer deslize ou desvio de comportamento que não condiza com o que o St. Jimmy espera. Todos vocês foram longa e atentamente analisados e escolhidos para se juntar a nós. Acreditamos que sejam as 300 pessoas com o futuro mais brilhante do país e espero que estivessemos certos ao convidá-los, caso contrário irão desejar que nunca tivessemos cometido tal engano. - E fez outra pausa, quanto maior era o pavor no rosto dos alunos, maior era o prazer dele, percebendo isso, Sneer fingiu tomar um susto e logo em seguida deu um sorriso desafiador para o diretor seguido de uma piscadela que pareceu desconcertá-lo pois ele levou mais algum tempo para retomar a fala.- O colégio St. Jimmy tem a tradição e a fama de ser uma mola propulsora para o sucesso imediato. Por aqui já passaram 37 senadores, 4 presidentes da república, 25 medalhistass olímpicos, sendo 17 deles de ouro e ainda um prêmio nobel de física, o que comprova a eficácia de nossos métodos. Sempre fomos copiados, mas nunca igualados, porém os tempos mudaram e não poderíamos ficar parados, o conhecimento que a fama e o sucesso exigirão de vocês as outras escolas não darão, pois ele não se resume a milhares de fórmulas, nomes em latim nem regras bobas, isso qualquer um poderia dar aos senhores. Aqui vocês aprenderão a pensar, a tomar decisões corretas, fazer escolhas certas, pois é disso que o futuro é feito. Quando saírem serão homens e mulheres prontos para assumir qualquer responsabilidade lá fora e não mais adolescentes bobos. Sua primeira aula será também a última, a escola está cercada e vigiada, vocês estão presos aqui dentro e ninguém virá buscá-los - Boss fez outra pausa, a empolgação começava a crescer dentro dele, mas precisava conte-la, pois agora viria o gran finale. - Há também uma bomba escondida e programada para explodir tudo isso aqui ao fim de 200 dias. Boa sorte. - e dizendo isso ele explodiu, deixando quase todos abismados e sem ação, imóveis em seus lugares. A única exceção era o garoto de sorriso bobo que gritou felizmente:
-Festa!


Música: Dust to Dust - Misfits

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5 - Sneer Aleksander
quarta-feira, 8 de abril de 2009


Os gigantescos portões perolados já estavam quase se fechando quando Sneer Aleksander chegou ao St. Jimmy. Antes de entrar no entanto, ele deu uma última encarada em seu reflexo numa barra metálica, era um garoto alto de cabelos e pele morenos. Sorriu para o portão dando uma última arrumada nos longos e lisos cachos e adentrou a magnífica propriedade.
Mas antes que qualquer detalhe físico pudesse chamar sua atenção, viu um homem corpulento de cabelos e barba muito negros e olhos brilhantes como uma bala, num impecável terno preto. Junto com ele vinham palavras de ordem:
Está atrasado senhor Aleksander, sua primeira aula está começando neste exato momento, dirija-se imediatamente para o campo! E me entregue seu celular, eles são proibidos por aqui. - A esta altura o homem já atingira um tom rosado, mas Sneer não se intimidou:
- Os últimos serão os primeiros, é isso que dizem, não? E a proposito, o rosa não combina com sua gravata.
As faces do homem que antes mostravam irritação, agora exibiam incredulidade. Como alguém com uma calça listrada em verde e amarelo, uma camisa rosa-choque e uma gravata laranja poderia lhe falar da moda? Logo ele que sempre estava em roupas tão elegantes!
O homem só ficou satisfeito quando viu que o garoto seguia para o campo e deixara um velho aparelho celular no chão.
Sneer ia sem pressa pelo trajeto cimentado, observando o máximo possível a propriedade, quando lançando um olhar para a cantina pode ver um garoto com roupas que foram extremamente limpas um dia, estirado ao chão, parecia ter acabado de acordar de um longo sono. O dorminhoco suplicava por algo, mas Sneer apenas disse:
- Eu ia sugerir uma cama – e apontando para uma das mesas – aí não parece ser exatamente confortável. - Dito isso, ele se virou e rumou para o campo. Pode ouvir no entanto passos cambaleantes atrás dele. Tornou a virar-se e pode ver o garoto com mais nitidez: era extremamente desengonçado o que o fato de estar bêbado agravava, seus olhos quase verdes estavam fora de foco e a cara abobalhada parecia ainda pior. Ele suava e começava a feder. Após algum tempo encarando Sneer, ele disse:
- Meyer. Em hipótese alguma deixe algum Johnny chegar perto de mim. - Sua voz era esganiçada e pouco firme.
-Não deixarei, se ele se aproximar eu lhe dou um tiro no meio da testa, Neville.- A menção do último nome causou um enorme interesse no garoto, que visivelmente fazia força para se concentrar.
-De que você me chamou? - Seu bafo atingiu a cara de Sneer que se contraiu violentamente, o cheiro era um misto de álcool e falta de escovação.
-Neville. Neville Longbotton de Harry Potter, sabe, vocês se parecem.
- Eu adoro Harry Potter – Meyer agora exibia um sorriso feio e Sneer pode notar um dente sujo – adoro mesmo! E até pareço com Neville, pois também fui criado com minha avó, mas meus pais não estão loucos, então talvez a comparacão não seja válida. Quer que eu te chame de Harry, ou talvez Voldemort, caso queira um ar mais sombrio, eu poderia falar para todo mundo que você me salvou de vampiros ou algo assim.
-Claro, eu adoraria – replicou ironicamente Sneer num tom seco, enquanto o garoto tomava fôlego para voltar a uma fala repreendida.
Chegaram ao campo e imediatamente todos se calaram, exceto uma garota que disse em voz baixa:
- Se você não calar a boca, seu pênis será um órgão inativo. - A voz fez Sneer tremer, mas as outras pessoas não pareceram ligar muito para isso e com exceção de um garoto que gargalhava retardadamente, todos os outros olhavam para eles, o que fez Meyer corar violentamente. Puderam ouvir a voz de repreensão do diretor:
-Senhores Lier e Aleksander, estão atrasados, queiram sentar-se, eu já ia começar. Mas antes que o diretor o fizesse Meyer adicionou em tom de desculpas:
-Desculpe-nos, é que fui atacado por vampiros próximo a cantina, se ele não aparecesse, provavelmente eu estaria morto agora.- Sneer sorriu e concordou com o que foi dito. Após isso, sentou-se bem no centro da primeira fileira, com Meyer ao lado direito.

Música: Fight to Live - Boucing Souls

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4 - Linda e Lyla
domingo, 5 de abril de 2009


Linda e Lyla ainda estavam surpresas com o convite feito pelo St. Jimmy verão passado, estar ali sempre fora um doce sonho, nada mais. É verdade que as gêmeas sempre foram as primeiras da sala e por mais diferente que fossem , a inteligência em ambas era enorme.
As duas eram físicamente idênticas, porém era necessário certo tempo de observação para concluir isso. Enquanto Lyla tinha longos cabelos loiros, Linda tinha o seu curto e tingido de ruivo, Lyla vestia uma saia vermelha que chegava até a altura dos joelhos e uma camisa tão branca quanto seu sorriso, Linda uma calça jeans muito apertada, uma camisa com um Joey Ramone sagaz e uma jaqueta de couro. A pela da loira era perfeita, uma tatuagem de um trevo de quatro folhas no pescoço era parcialmente encoberta pelos fios dourados do cabelo, a ruiva era cheia de tatuagens, todas muito coloridas e alegres. Mas os profundos olhos verdes e o sorriso brilhante denunciavam a semelhança que elas faziam questão em ocultar. Por onde as irmãs passavam, os olhares as acompanhavam, algo que as incomdava profundamente, a sensação de ser julgada era algo repugnante.
Logo na entrada foram instruídas a se dirigir diretamente para o campo, onde ocorreria a primeira aula. Ainda na porta, Lyla contrariada deixou seu celular, e depois seguiram por um enjoativo e perfeito gramado que contornava a gigantesca e alva construção que era o prédio principal. Quando passaram próximas a cantina, Lyla exclamou:
- Tem um garoto dormindo ali? - Contudo, o turbilhão de gente que passava, além de impedir uma visão nítida, arrastou-as rumo ao campo, o que dispersou os pensamentos das garotas quando lá chegaram.
A arquibandada estava abarrotada de gente, cada uma extremamente diferente da outra, algumas exibiam sorrisos presunçosos, outras faziam questão de ficar o menos visível possível e ainda haviam aqueles que se perguntavam o que faziam ali.
Elas se encaminharam para a última fileira da arquibancada e lá se sentaram. Lyla parecia querer comentar algo com a irmã, mas a cara fechada da segunda foi pouco convidativa e a loira permaneceu calada. Aguardaram os últimos alunos se sentarem em silêncio, tentando absorver tudo aquilo. O retardatário era um garoto que parecia ter acabado de ser atropelado por uma comitiva e fumava alegremente o que aparentava ser um cigarro de palha. Elas observaram-no encaminhar-se até onde estavam sentadas, se acomodar logo ao lado delas e apagar o cigarro. Ele olhou com um sorriso bobo pra elas e depois de algum tempo encarando falou:
- Qual de vocês é a gêmea má? - E dizendo isso, olhou demoradamente para as duas como se as avaliasse. - Quem sabe as duas, seria legal nós três nus, sabe, se quiserem experimentar. - E riu alto como se nada ali o preocupasse nem o afetasse. Elas pela primeira vez tiveram coragem de observá-lo mais atentamente e viram olhos muito azuis, um cabelo curto castanho e bagunçado que contrastava com sua pele alvíssima, Linda imaginou a cena dele sendo atropelado logo na porta do hospício, mas teve que se conter pois ouviram a voz do diretor ecoar fortemente, fazendo todo o burburinho cessar e mergulhar toda aquela ansiedade num silêncio perigoso, que logo foi novamente interrompido:
- Senhoras e senhores, gostaria da total atenção de vocês agora. - E antes que todos tentassem ficar ainda mais calados, Lyla ouviu uma voz conhecida murmurrar palavras como “pênis” e “orgão inativo”.


Música : High School Never Ends - Bowling for Soup

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3- Meyer Leyer
quarta-feira, 1 de abril de 2009


Meyer estava petrificado, surpreso que suas pernas conseguissem se movimentar, porque esse não era o desejo de seu cérebro. Estava ainda inquieto e resolveu falar, fazendo o possível para manter a voz firme:
-Sabe, acho que não deveiamos ir pela grama. – e apontou para um trajeto cimentado que todos os outros alunos usavam.Mas Johnny tinha uma explicação para a infração.
- Meu caro Meyer, estamos no caminho mais curto, chegaremos lá antes deles, não pegaremos fila. Quanto às gramas, elas sobreviveram – e deu um chute numa muda que estava amarrada a um bastão – ou não – completou com uma risada escandalosa.
A cantina era aberta, um teto cobria algumas mesas e o balcão do sol escaldante. Ela era toda em tons diferentes de azul. Não era muito grande, cerca de 10 mesas com confortáveis bancos ocupavam o lugar e o balcão parecia ligeiramente apertado. Meyer ficou numa das mesas e observou Johnny ir até o balcão e pedir:
-Uma cerveja, por favor – O balconista olhou perplexo para o garoto, obviamente aquele não era um pedido muito comum, mas respondeu polidamente:
- Não servimos bebidas alcoólicas aqui. - Mas Johnny que não prestava atenção ao que ele falava olhou para a cara dele compenetrado, procurando algo ali:
- Eu não te conheço de algum lugar?
- Não senhor.
- E o cara por trás dessas espinhas? - E riu alto e gostosamente da cara do atendete – Não se preocupe, eu vim preparado, aliás, belo boné.- E dizendo isso foi até a mesa onde Meyer o observava aterrorizado. Como alguém poderia ser tão mal-educado, tão inconsequente? Observou Johnny abrir a mochila e tirar de lá o que se parecia com uma garrafa de água e dar um longo gole.
-Tome um gole Eyer, vai te acalmar. - Hesitante e sem muita certeza do que fazia, Meyer levou a garrafa a boca e deu um cuidadoso gole. Seus olhos lacrimejaram e ele engoliu com dificuldade. Aquilo era maravilhoso, algo do que fora privado a vida inteira agora se encontrava em sua mão direita. Com os olhos brilhando encarou Johnny que parecia não entender bem a situação e esperava que Meyer devolvesse a garrafa, mas isso não aconteceu. Meyer virou todo o conteudo do recipiente em um gole só e observou o ligeiro estado de choque de Johnny que exclamou pouco depois:
- HAHA! Esse é meu garoto, boa Eyer, agora vamos que estão nos esperando no campo – mas Meyer não estava disposto a se levantar e quando o fez deu uma cambaleada sendo salvo da queda pelo balcão.
- Você não bebe com muita frequência, não é? - Observou Johnny.
- Minha avó não me deixa chegar perto da água tônica dela, ela diz que é muito perigoso.
-Água tônica? - E a confusão se disspava da cara de Johnny – É, são realmente perigosas.-
Mas Meyer que caíra no chão e não ouvira as últimas palavras do garoto, só pode observar pernas que rumavam rapidamente para o campo e pareciam ocupadas demais para vê-lo ali quase inconsciente. Fechou os olhos e dormiu.


Música: The Ballad - Millencolin

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