-Ela não está lá. Linda não está aqui no bosque – concluiu Johnny pouco surpreso, nenhuma cabeleira ruiva brilhava no descampado – eu deveria saber, agora tudo faz sentido – virou-se para Sneer que ainda estava processando a informação – você, venha comigo. Vamos voltar antes que seja tarde Sem entender, o colorido garoto só concordou com a cabeça. Esperava receber mais explicações depois: -Vocês três façam o que tem que ser feito. Vamos Sneer. Os dois saíram apressadamente antes que qualquer pergunta pudesse ser feita. Quando sumiram de vista Sofia exclamou surpreendida: -Tony. David vai matar Tony! Andy vem comigo, Lichba solte os outros – ela soava incrivelmente igual ao irmão. David parou, havia ouvido vozes, as visitas haviam chegado. O primeiro a aparecer foi Andy, a seu lado vinha Sofia: -Ora, ora. Quanto tempo! - saudou -Larga ele – bradou Andy com a rouquidão de um urso furioso – não é ele que você quer! -E você sabe muito bem o que eu quero! - zombou David. Ele tinha o poder, ele controlava a situação; um tiro e tudo acabava. Antes, contudo, iria brincar um pouco – você nunca soube nem o que você quer, passa o tempo todo vivendo no colo de Johnny, você é patético. -Você quer Linda – cortou Sofia. Os semblantes mudaram diante da informação nova – ela me contou. Mas agora é tarde demais, então você tenta mergulhar todo mundo na amargura em que se afogou. David aquiesceu. Ele tinha a arma, ele ditava as regras, ele dizia o que era verdade e o que não era: -Você acertou uma coisa, eu não posso ter Linda. Ninguém pode, ela está morta! Sofia gelou. Sentiu parte de sua alma fugir. A perspectiva de Linda morta era tenebrosa demais para ser aceitada, ainda que fosse totalmente plausível. Ser forte era tudo o que ela podia fazer: -Não David, você é que está morto. Ou pior que isso, não passa de uma perturbação que vaga infeliz – retrucou Andy. -Seria demais pensar que vocês entendessem como é nobre minha missão. Eu e Ele livraremos o mundo dessas inutilidades. Vocês deveria nos agradecer em vez de ficar sustentando esse falso moralismo. Deveriam mais do que nos respeitar, nos venerar. Agora, porém, tudo o que resta a vocês é implorar – ele mostrou a arma – implorar pra que não tenham o mesmo fim que aquele monte de merda debaixo da tenda. -Fim pior que o seu seria impossível. Incapaz de amar, incapaz de ser feliz e até mesmo de sofrer. Você não passa de um robô, um robô desprezível. - vociferou Sofia. -Já chega – irritou-se David. Acabaria com aquilo tudo, cansara de discutir, era inútil. Eles estavam cegos demais para enxergar a verdade, teria que se impor – palavras erradas mocinha – vacilou um instante... E disparou. Tudo pareceu acontecer extremamente devagar. Sofia sentiu-se empurrada para o lado, os joelho se dobraram com o impacto e ela caiu na grama. Viu o ombro sangrando, mas não sentiu dor. Aquele ombro era largo e musculoso demais para ser dela. Andy. Andy a salvara, antecipara o ato, tomara o tiro em seu lugar. Ainda espantada viu o garoto se levantar como se nada tivesse acontecido. Viu ele se encaminhar lentamente até David, que largara Tony, deixando o garoto escapar assustado para longe. O alvo mudara. David disparou uma vez. E mais outra. O sangue voava do corpo furado de Andy, mas o garoto era implacável: -Você está morto, você deveria estar morto – assustou-se largando a arma que não fazia efeito algum. Os olhos de Andy não se moviam. Focavam fixamente os de David. Suas pernas continuavam a avançar, nada o deteria, ele precisava acabar com aquilo. Era o preço a se pagar pela paz. Apanhou no chão a arma ainda carregada. David estava desesperado demais para correr, sabia que era a morte que ele via se aproximar, não adiantaria fugir, somente esperar. Ouviu sua voz: -Não Dave – ele o chamara pelo apelido – você não percebe a ruína que se tornou. Você desabou por dentro, essa é a nossa diferença. Enquanto meu corpo morre, minha alma se mantém viva. A sua não passa de ruínas, vou te fazer um favor. E disparou. Sem vacilar, sem temer. Sabia que era o que devia ser feito. O tiro acertou David no coração, levando embora aquele corpo vazio. Feito isso, os dois desabaram juntos. Sofia estava paralisada. Correu até Andy, seus olhos negros ainda estavam abertos. Encarou-os com gratidão. Abraçou-o. Pode ouvir a voz fraca: -Vou encontrar Litlle, nunca deixe o amor fugir. Serei feliz onde estiver, faça o mesmo por mim. Me prometa. -Andy... - as lágrimas escorriam como chuva no céu ironicamente azul – Andy você me salvou, não vá! -Há muito tempo nada mais me prende aqui, agora me prometa. O abraço se desfez, os olhos se cruzaram: -Eu prometo, eu prometo. E ele se foi
Música: Endless, Nameless - Nirvana
1 Comentários:
Você demora pra atualizar desse jeito pra deixar os leitores mais curiosos e frustrados?
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Você demora pra atualizar desse jeito pra deixar os leitores mais curiosos e frustrados?
Por Anônimo, Às 16 de julho de 2010 às 16:10
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