<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://draft.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d8495951559142143380\x26blogName\x3dSt.+Jimmy\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dBLUE\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://stjm.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_BR\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://stjm.blogspot.com/\x26vt\x3d6427693184527602948', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener("load", function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <iframe src="http://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID=4200482321848056936&amp;blogName=By+Bel&amp;publishMode=PUBLISH_MODE_BLOGSPOT&amp;navbarType=BLUE&amp;layoutType=CLASSIC&amp;homepageUrl=http%3A%2F%2Fbybel.blogspot.com%2F&amp;searchRoot=http%3A%2F%2Fbybel.blogspot.com%2Fsearch" marginwidth="0" marginheight="0" scrolling="no" frameborder="0" height="30px" width="100%" id="navbar-iframe" title="Blogger Navigation and Search"></iframe> <div></div>
86 - E a culpa é toda sua
sábado, 1 de maio de 2010


David entrou na sala escura sem ter certeza por que fora chamado ali. Tradicionalmente a convocação se dava quando alguém cometia uma falha e merecia ser punido. Fato que não se aplicava a ele, sua fidelidade era tão inquestionável quanto sua eficiência. Ainda assim teve medo. Quando aquela famosa voz agonizante falou, um frio cortante percorreu a espinha do garoto:
-David, precisamos conversar. Acho que isso é óbvio até mesmo para você – houve silêncio e Ele continuou – até o momento matei todos aqueles que eu queria matar, fiz justiça sujando unicamente minhas mãos e isso faz de mim, aos olhos burros da grande maioria, um serial killer.
Apesar do calor abafado da pequena sala escura David estava intensamente gelado. Sentiu uma corajosa gota de suor descer ziguezagueando por suas costas malhadas quando a voz, como uma navalha muito afiada, voltou a cortar o ar:
-Hoje contudo caí em grande e indissolúvel contradição: tenho aqui várias suculentas e inúteis vítimas para fazer; tenho também que correr atrás de meus próprios assuntos. Diante de tal paradoxo você surgiu como minha mais racional saída – de repente David havia perdido o controle dos próprios músculos, mais alguns segundos e se mijaria inteiro – você tem sido o meu braço direito em meio a esses babacas mongóis – continuou Ele – e vou confiar a você essa missão. A ruiva está pronta?
Como se uma descarga elétrica percorresse seu corpo o garoto voltou a si. A bateria em seu peito diminuíra o ritmo e ele podia sentir suas pernas novamente. Afinal as coisas não seriam tão ruins, poderia até dar o fim merecido àquela ruiva metida. Com a voz ainda pouco firme confirmou:
-Ela está dopada, ainda deve dormir por umas quatro horas...
-Perfeito! - cortou Ele, enquanto batia palmas histéricamente -Precisamos ser rápidos. Você vai me ajudar a levá-la até o castelo e depois vai voltar pra cá. Temo que vá receber uma visitinha; mate todos, amigos e inimigos. Vou lhe deixar essa arma aqui, contém 21 balas, calculo que deve ser o suficiente. Quando acabar o serviço me encontre na entrada do bosque, de lá poderemos saborear o show e planejar nosso futuro, juntos. - ao terminar de falar, estendeu a pistola carregada.
David pegou-a temeroso. Estava confuso. Ele não ficaria com Linda no fim de tudo? Teria que arriscar a vida contra meia duzia de justiceiros baratos e depois ir correndo até Ele. E o que Ele queria dizer com juntos? Aquilo estava ficando estranho, mas não ousou questionar, estava suficientemente feliz por manter-se vivo, pensaria naquilo depois que tudo acabasse.
Levantou-se com as pernas ainda bambas e saiu da pequena sala de madeira improvisada no meio da mata. Foi até a tenda branca na clareira e encontrou a ruiva, cujas raízes do cabelo tornavam a serem loiras, inconsciente e numa posição extremamente desconfortável. Sentiu prazer em vê-la assim depois de tudo o que havia acontecido entre os dois. Agachou-se próximo a ela e numa voz ameaçadora murmurou:
Parece que você vai ser útil no fim. Vai morrer mas vai ser útil – fez uma pausa como se esperasse uma resposta que obviamente não veio – eu te amava sabe? Aquelas tardes escondidas me faziam feliz. Mas aí você se apaixonou por aquela lésbica burguesinha e partiu meu coração. A culpa é sua por eu ter me tornado o que me tornei. Você me abandonou, eu estava com raiva de tudo. Eu te amava, eu te amo, porra! - uma lágrima escorria por aqueles traços tão perfeitos – eu tive que me transformar nisso. Um traidor pois fui traído. Meus sentimentos estavam todos errados então tive que transformar o errado no certo. Só assim me convenci de que a vida ainda fazia algum sentido – a voz agora desesperada saía afogada pelas lágrimas que corriam sem censura – a culpa é toda sua. E eu te perdoo, mas para seu azar já é tarde demais pra você, assim como foi pra mim. No fim parece que o que você faz sempre acaba voltando. O fogo que aquecia meu coração me queimou, tive que apagá-lo ainda que por isso eu passe frio. Que eu me tornasse frio. Que eu seja nada mais que uma pedra, sem esperança, sem sentimentos. É o preço pela existência e você não pagou o seu; você apagou o seu. Fez tudo dar errado. A culpa é sua e eu ainda te amo tanto quanto minha mente cristalizada pode amar. Sei que sou duro, estático, imutável. A vida me fez assim. O que aqui está não sai e o que não está não entra. Ainda há amor aprisionado. Amor e desgosto, amor e raiva, amor e um vazio enorme que você deixou e que foi preenchido com um líquido amargo e degradante. E a culpa, meu amor, é toda sua. Morrerás, morrerás minha querida.
David deu um beijo na boca inerte da ruiva. A indiferença cobriu suas palavras. Beijou-a outra vez e deixou que suas lágrimas escorressem pelo corpo de Linda:
-É hora de ir – anunciou Ele a poucos passos de onde o casal estava. Por quanto tempo estivera ali e o que teria visto? Era tarde demais para se preocupar com isso.
David virou-se e ao ver a figura que o encarava teve um choque. Não era a primeira vez que O via, mas nunca imaginara que ele fosse Ele. No fundo esse fato só aumentava o respeito do garoto por Ele. Se recompôs da surpresa e desamarrou a garota. Pegou-a no colo pela última vez, adentrando novamente o bosque, sentindo o peso de seus esforços não retribuídos em seus braços. Era uma pena que tudo tivesse que acabar daquele jeito. Era uma pena que tudo tivesse que acabar. Tinha a chance de mudar tudo aquilo, a arma em seu bolso estava carregada e com um tiro poderia dar outro fim àquela história.
Havia a tentação. Faltou coragem, faltou força.
Morrerás minha querida, morrerás. E a culpa é toda sua, pensou por fim.


Música: Die Die My Darling - Misfits

0 Comentários:

Postar um comentário