Foi mal, não posso fazer isso – desculpou-se Sofia.
-Você podia ter falado isso antes de eu abrir a camisinha – retrucou Sneer decepcionado.
A morena olhou para ele sem ter certeza se aquilo era sério ou não. A resposta veio num sorriso. O garoto sabia que também não poderia, sabia que o desaparecimento de Linda era sua chance para conquistar Sofia de uma vez por todas mas tinha consciência que agora a ruiva também não sairia mais de seu pensamento. Ainda nu pediu:
-Vem cá, me dá um abraço.
-Gay – riu Sofia e imediatamente os corpos juntaram-se e reconfortaram-se mutuamente. Sentiam-se incrívelmente bem um com o outro, contudo faltava um pedaço. Por mais que tivessem nunca estariam completos, não sem Linda:
-Vamos acha-lá. Eu prometo – disse Sneer baixinho.
Ao ouvir isso uma lágrima de Sofia foi morrer nos ombros do garoto. Deitou-se em seu colo e adormeceu meia hora depois.
Assim que os roncos anunciaram que aquele era um caminho de volta demorada Sneer parou o cafuné e se desvencilhou delicadamente para que ela não acordasse. Cobriu-a com uma manta e deu um beijo em sua testa. Vestiu-se.
O céu estava nublado. Ao sair do recém inaugurado dormitório misto apagou as luzes. Desceu as escadas até chegar ao terceiro andar. Foi até a sala no fim do corredor e a ponta acesa do baseado denunciou que, apesar da escuridão, Johnny lá estava;
-Você demorou mais que eu imaginei. Acenda a luz.
Sneer obedeceu e viu o garoto sentado num pufe verde surrupiado da sala de estar:
-Sinta-se em casa. - ainda o ouviu dizer antes de sentar numa poltrona – pegue um baseado encima da mesa. Tem isqueiro lá também.
-Valeu – agradeceu. Após uma tragada comentou – Baddy Teddy já era.
Aquilo não foi tão surpreendente para Johnny quanto Sneer esperava que fosse:
-Você é um homem ainda mais rico agora – comentou distraído.
-Ainda não – corrigiu – ainda está tudo uma bagunça, não deu tempo de cuidar de tudo.
-Uma bagunça de merda – Johnny levantou-se repentinamente irritado – vamos achar Linda e acabar logo com essa porra toda. Pegamos a grana e saímos fora.
-Podemos tomar um suco também enquanto isso. - Sneer levantou-se – Porra Johnny, não sabemos onde está a grana, não sabemos quem é o maluco por trás disso e nem o que ele fez com a chave e com Linda. Aceite, tudo saiu do seu controle!
Johnny voltou a sentar-se, como se estivesse mais preocupado com uma infiltração na parede murmurrou:
-Tenho meus palpites.
Surpresa! Sabia melhor do que ninguém o que aquilo significava:
E você não vai me falar não é mesmo? Um dia você vai se foder ainda mais com esse seu egoísmo.-
Não sabia mais por que estava lá. Tudo o que Johnny sabia fazer era irritálo e irritá-lo.
-Você não ia acreditar mesmo – defendeu-se o garoto no mesmo tom de voz arrastado.
-Tente – desafiou Sneer.
-Estou com preguiça, me devolva o cigarro.
O menino colorido obedeceu visívelmente contrariado. Para que ele estava fazendo aquilo? Alguma vingança pelo fato de ele e Sofia estarem juntos? Simples diversão? Poderia esperar qualquer coisa.
Já ia se levantando para sair quando Johnny o chamou, fazendo murchar toda a sua irritação:
-Ale – os garotos trocaram olhares como não faziam há muito tempo. O mesmo tempo que ele não ouvia aquele apelido – Eu não poderia querer ninguém melhor pra Sofia. Cuide bem dela, ela merece.
-Eu sei, não duvide disse.
De repente Gavin estava parado a seu lado na porta.
-Você e Lyla... - começou Sneer, tentando encontrar as melhores palavras para dizer aquilo.
-Eu sei – interrompeu o pálido garoto – eu sei, não se preocupe.
E os dois entregaram-se a um saudoso abraço:
-Gay – brincou Gavin – tá na hora de acabar com isso. Você sabe o que fazer.
Sneer apenas sorriu.
Música: The Masterplan - Oasis
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