Lyla ainda olhava fixamente para o mar. Não espantou-se quando este tornou se laranja; uma imensidão refrescante de suco, nem quando a floresta foi tomada por um roxo rodopiante. Pelo contrário, tudo estava tão mais bonito! Olhou para o ceu púrpura e constatou que o sol fora embora; provavelmente viajara a negócios, nos dias de hoje nem ele tinha sossego! Por sorte Apolo tinha seus contatos e conseguira de última hora um disco voador um tanto quanto capenga e muito mal iluminado para seu lugar; não era o ideal, nem ao menos aproximava-se de ser e por isso a loira decidiu ignorá-lo. Contudo pouco antes de voltar sua atençao para a fofura da pedra na qual estava sentada algo se desprendeu do O.V.N.I. e veio voando em sua direção. Aguardou ansiosamente a criatura que se encaminhava lentamente até ela. A imagem que se materializou a sua frente era diferente de qualquer outra coisa que ela já havia visto, ou mesmo imaginado. A coisa se assemelhava muito a um inseto; tinha grandes asas psicodélicas e um corpo de cerca de um metro de altura, mas muito fino e de um material verde, pegajoso e translucido. A cara, ou o que deveria ser uma, não passava de uma esfera gorda recoberta por círculos que piscaram em diferentes tons quando uma voz eterea saiu: -Bom dia. -Bom dia! - respondeu animadamente a loira - como vai sua tia? A gosma que envolvia o corpo do bicho tornou-se negra: -Minha tia morreu num desastre aereo semana passada. Não se pode mais voar tranquilamente por ai! Ao ver que, dos círculos piscantes no corpo do inseto, lágrimas começaram a brotar, Lyla sentiu-se profundamente triste. Resolveu acompanhar a criatura em seus prantos. Contudo tão logo a água começou a correr em seus olhos, tão logo foi interrompida por uma ressoante risada: -HAHAHAHA! Te peguei! Minha tia está bem, mandou abraços. Um enorme peso foi retirado da dourada consciência: -Ufa! Sua tia é uma fofa e voce tambem! -Fofa? Fofa? Agora voce passou dos limites menina insolente! Vai ver quando outro sol verde passará por aqui! - o inseto estava claramente irritado. -Quando? - perguntou Lyla, certa de que tudo nao passava de outra brincadeira. -Nunca! Nunca! - e o animal retirou-se, voando indignado de volta para sua nave xadrez que pairava ao longe. A garota levantou-se da pedra fofa e foi atrás gritando: -Volte aqui borboletinha! Volte aqui! Quando finalmente alcançou-a sentiu seu corpo irreversivelmente pesado. Descobriu que caíra quando, após alguns segundos, atingiu o chão. Não sentiu dor. Lamentou-se apenas que seu sangue não fosse verde-limão; azul-anil estava tão fora de moda! Pode ver ainda um cavaleiro branco vindo em seu resgate antes de desmaiar. Música: Here Comes The Sun - The Beatles
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