Johnny acordou assustado no meio da noite. Conferiu no relógio de pulso de Andy e viu que ainda eram três da manhã. Tivera um pesadelo. Olhou para o amigo e sentiu uma imensa gratidão. Não voltaria a dormir então acendeu um baseado. Foram necessárias cinco tentativas para que o fogo pegasse. Cinco pensou. A sua mente vieram Meyer, Sneer, Sofia, Linda e Lyla, tendo a última se demorado um pouco mais que seus antecessores. O grupo era de cinco pessoas e estavam se dirigindo para um ponto isolado do colégio. Gelou. Eles precisavam dele e não sabiam, talvez fosse melhor assim. Afastou o pensamento dando um longa tragada no cigarro. Recordou-se do pesadelo; mais uma vez sonhara com a mãe e as coisas não terminavam bem. Ultimamente aquilo acontecia quase toda noite. Meteu a mão no bolso e de lá tirou uma caixinha. Encarou-a demoradamente, passando o dedo pelo tecido de veludo vinho que a cobria. Finalmente abriu-a. Lá repousava o trevo, um pouco murcho e seco, de verde mais escuro que normal, vivo. Ainda vivo. Ordenou o raciocínio: elemento X fora roubado; a festa ocorreria dali algumas horas com cinco participantes. Sua tese estava para ser comprovada, contudo, esperava sinceramente que isso não acontecesse. Seria doce o gosto do erro, tranquilizador o da falha. Era hora de voltar, aquele tempo no bosque fora útil, deixara crescer algo que gostava de chamar de barba, porém precisava voltar. Deu outra tragada e permitiu-se viajar para um passado não muito distante, entretanto extremamente diferente. Estavam na praia, sentados em volta de uma fogueira com um cigarro de maconha rodando de boca em boca. Numa mão Gavin trazia uma vodka roubada de um mercado, na outra os gordos dedos de Lyla. Naquela época ele não precisava disfarçar a voz e seus cabelos ainda eram loiros e bagunçados. Ponderou deixá-los daquele modo novamente, agora que não precisava esconder mais nada de ninguém. Lyla parecia com frio, ele abraçou-a e ganhou um beijo por isso. Olhou no fundo daquele mar e sentiu uma sensação da qual nunca se cansaria: a de navegar naquelas águas tão imprevisíveis. Do outro lado estava Sneer, com os cabelos muito compridos e uma roupa perfeitamente colorida, e Samantha, ou simplesmente Sam. Sam era uma bela morena de olhos escuros moldados por belos cílios. Era a namorada de Sneer, mas apesar da inegável conexão existente entre os dois, o garoto nunca se apaixonara por ela. Isso era comprovado no olhar pouco sorridente que lançara para Lyla quando Gavin a abraçou. Sem dizer nada os quatro ficaram em volta do fogo, felizes. O baseado retornou à mão de Johnny e ele deu um trago. Ao abrir os olhos estava de volta à realidade. Acordou Andy cutucando-o no ombro: -É hora de ir amigão. E e poucos minutos os dois já estavam na trilha rumo a desalienação.
2 Comentários:
Mudanças :)
Por Anônimo, Às 14 de novembro de 2009 às 16:52
Mudanças (:
Por Anônimo, Às 15 de novembro de 2009 às 15:16
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