Sneer seguiu apreensivo, assustando-se com qualquer som, por mais baixo que fosse. Ainda havia uma grande quantidade de adrenalina em seu sangue. Tudo havia sido louco demais, inacreditável demais.
Sofia era uma interrogação. Aquele beijo fora sensacional, contudo ele percebera o olhar de culpa que a morena lançara para Linda logo em seguida. Sentia-se responsável por tudo aquilo. Se ele ao menos soubesse o que era verdade e o que não passara de encenação, talvez pudesse fazer tudo dar certo! Porém a sua única certeza era de que estava em dúvida.
Não conseguiu evitar que seu pensamento fosse parar em Lyla. Johnny fora do caminho era tudo que ele sempre desejara, no entanto, depois de um ano de espera, agora que isso finalmente acontecera ele não tinha tanta certeza se era realmente o que ele queria.
Quando seu olhar passeou pelo bosque os passos cessaram subitamente. Gavin e Johnny eram a mesma pessoa, a notícia insistia em parecer falsa, mas aquilo fazia tanto sentido que sentiu-se burro por não ter percebido antes.
Sentiu pena do garoto.Lembrou-se de como Johnny o salvara no primeiro dia de aula, de como o ajudara com Lyla e logo em seguida a roubara para si. Lembrou-se de como ele havia tido um caso com sua madrasta e de como ele o convencera a assassinar a própria família. Não se arrependia daquilo, porém, de repente, a pena foi dando lugar a um sorriso vago e as pernas tornaram a se mover.
Conferia paranoicamente de minuto em minuto se não estava sendo seguido, sempre atento aos mínimos detalhes que o cercavam. Após alguns passos parou em frente a porta metálica do refeitório. Deu uma última olhada do lado de fora e, ao certificar-se de que estava sozinho, entrou.
Olhou para a grande televisão que imediatamente abandonou o azul infinito, fazendo um homem quase careca, coberto de cicatrizes e com um tapa olho mal posicionado aparecer:
-Sneer! Há quanto tempo não nos vemos! A última vez que dei as caras por aqui Gavin me recebeu. Quem ele pensa que engana com aquela história de Johnny Fun?
Sneer abateu-se. O velho parecia acabado, mas com certeza mantinha a perspicácia. Por isso resolveu tentar outro assunto:
-O que houve, você não me parece bem.
-Não é nada – o homem se divertia com aquilo – mas isso eu resolvo. E quanto aos seus problemas?
-Gavin sabe da existência do dinheiro.
-É um garoto esperto, sempre foi! - observou com orgulho.
-Mas essa não é a maior das minhas preocupações. Mais alguém sabe e esse alguém não tem medo de matar. - fez uma pausa melodramática – Hoje mesmo quase fomos pegos. Por sorte um outro maluco salvou nossas vidas. Mas essa história não para por ai não, pode apostar.
-Então trate de resolver isso. É sua última prova.
Ele falava como se Sneer fosse um mongol qualquer. Claro que ele já tentara descobrir aquela porra, velho otário! Estava tão óbvio que ele preferia Gavin à Sneer! Desejava que aquele velho safado fosse logo chupar Johnny.
Estava na hora de analisar sua próxima jogada. Ao fim de alguns minutos e sem deixar transparecer em sua voz sua decisão anunciou:
-Pode deixar vovô. Vou cuidar disso.
-Honre os Aleksander – Satisfez-se o homem. A tela tornou ao entediante azul.
-Eu irei, eu irei. - As palavras saíram baixas, o que não foi um problema já que elas não tinham outro destinatário se não ele mesmo. - Vou fazer o que deveria ter feito há um ano, você ficará orgulhoso de mim.
Caminhou até um dos balcões metálicos onde as bandejas, que normalmente se encontravam cheias de comida, estavam enfileiradas e vazias.
Contou a terceira da esquerda para a direita e abriu sua tampa. De lá tirou um celular.
Discou um número da memória do telefone e após dois toques ouviu uma voz grossa do outro lado:
-Sim?
-Xeque-mate. É hora da sucessão, o velho rei já não agrada mais. - desligou sem esperar resposta e sem perceber o vulto que o observava pelo vão da janela.
Música: True Belivers - Bouncing Souls
2 Comentários:
incrível
Por Anônimo, Às 13 de outubro de 2009 às 12:14
lindo
Por Anônimo, Às 14 de outubro de 2009 às 20:17
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