Johnny assistiu em choque os cinco se afastarem. Por fim, abandonado, sentou-se em meio aos três corpos com os quais lutara anteriormente. Pensou no futuro, eles ainda precisavam sair dali; nunca sentira tanta necessidade de ir para casa, de ter alguma segurança, de saber que dormiria num dia e as coisas não mudariam drásticamente no seguinte. Pensou em Andy e David. Os dois eram seus amigos, mas tratava-os como meros funcionários, apenas peças que ele manipulava. Nunca dirigira o merecido respeito a eles. Pensou em Sneer. Amava-o. Não uma amor com conotação sexual, mas um amor de amigo para amigo, de irmão para irmão. Contudo, nunca dissera isso para ele, ultimamente os dois estavam mais próximos de uma discussão descontrolada do que de uma conversa amigável. Pensou na sua real irmã. Era a única família que lhe restava e nunca depositara nela, a confiança que havia traído. Via nela sua mãe, o que só o fazia sentir-se pior. Pensou em Linda e o aperto em seu peito quase sufocou-o. Eram extremamente iguais e por isso sabia tudo que a ruiva pensava ou sentia. Porém nunca usara isso para faze-la feliz, muito pelo contrário, tudo o que dera para a ruiva últimamente eram boas razões para que ela arrancasse seus testículos e fizesse ovos mechidos com o futuro de sua prole. Por último pensou em Lyla. O trevo de quatro folhas tatuado em seu braço ardeu. Não a merecia. Ela era capaz de despertar o melhor dele, mas Johnny nunca realmente acreditara que poderia ser realmente bom, sua vida baseava-se no prazer instantaneo; tinha medo da real felicidade. Lembrou-se do último olhar que a loira lhe lançara; preferia ser odiado a ignorado; pelo menos o ódio provava que ela ainda nutria algum sentimento por ele, diferentemente do descaso ou da dó. Aliás, se lhe perguntassem qual o contrário do amor, não diria ódio, este não se passava de um primo próximo que visitava com frequência. O oposto do amor era o desinteresse. Ele havia estragado tudo. Retirou a caixinha do bolso e abriu-a. Um trevo de quatro folhas revelou-se murcho. Johnny chorou. Uma lágrima atingiu o trevo surpreendentemente revigorando-o. O trevo voltara a vida, estava verde e brilhante, por que ele não podia fazer o mesmo? Limpou as lágrimas e arregaçou as mangas, tinha muita coisa para consertar.
Fecham-se as cortinas, apagam-se as luzes. Na platéia alguns dormem, outros batem palmas desinteressadamente, mas há ainda aqueles que choram. No fim da peça, o final não é feliz, é real.
Música: Boulevard of Broken Dreams - Green Day
1 Comentários:
Surpreendentes esses dois últimos capitulos. Superaram *-*. O mais engraçado, mais engraçado mesmo, é que todos tendem a dar valor só depois que perdem.
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Surpreendentes esses dois últimos capitulos. Superaram *-*. O mais engraçado, mais engraçado mesmo, é que todos tendem a dar valor só depois que perdem.
Por Anônimo, Às 6 de outubro de 2009 às 12:50
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