Caiu. As mãos cascudas de Fionna não o seguravam mais. Ouviu barulho de fogos, será que alguém comemorava sua morte? Mas não sentira a faca cortar sua garganta, talvez morrer fosse assim, ponderou.
No chão, percebeu que segurava alguma coisa no bolso de sua calça. Uma pequena caixa. Largou-a ali mesmo, sem dedicar maior atenção àquilo. Criou coragem e abriu os olhos. Continuava no bosque, mas tudo que conseguia distinguir no meio de folhas e terra eram alguns pares de perna. Levantando a cabeça, viu que todos olhavam fixamente para um ponto atrás dele. Sentiu-se a primeira bolacha do pacote. Observando todo o lugar, percebeu que os capangas de Fionna também estavam caídos e apresentavam crescentes manchas de sangue. Estavam mortos. Procurou Lyla e sentiu um imenso alívio quando a viu, aparentemente bem. A loira também olhava para algo atrás dele. Confuso, tentou se virar, mas o corpo inerte de Fionna o impedia. Assustou-se. Foi quando ouviu Sneer falar incrédulo:
-Meyer... vo... você matou eles?
-Mas que clichê! - queixou-se o garoto – eu salvo a noite e sou julgado como um assassino! -
Foi o necessário para que as coisas clareassem na cabeça de Johnny. Deduziu que não estava morto, Meyer devia ter salvado todos eles. As palavras seguintes vieram confirmar sua teoria:
-Mas...mas como? - a voz de Linda era incrédula. - Como você tinha uma arma? Como acertou os três tão rápido?
-Vovó sempre diz que devo estar protegido e eu sempre fui muito bom em Counter Strike, nunca usei bot sabe? - seu tom de voz era orgulhoso – então acho que eu sabia o que fazer. Uma vez...- mas Johnny já não prestava mais atenção nele.
Agora que tudo tinha se esclarecido, tinha cansado de ser ignorado. Falando por Lyla também, exclamou:
-Ei! Ainda estamos aqui! Se pudessem nos soltar, gostaria de dar a alguém o que ele merece!
Todos pararam de olhar estupefatos para Meyer que ainda se gabava de seus feitos nerds. Sneer foi revistar os cadáveres, Linda foi desamarrar a irmã, mas não antes sem pisar com força no nariz quebrado de Johnny fazendo o garoto gemer. Sofia veio em seu socorro:
-Você está bem? - indagou a irmã.
-As coisas não saíram como o planejado, mas isso ainda parece com um final feliz. Que bom que ninguém se machucou. Obrigado.
Quando a corda que prendia seus pés foi desamarrada, ele caminhou até Meyer, que após perceber que ninguém mais se importava com o que ele falava, finalmente se calara:
-Sempre soube- começou, percebendo que as pupilas do garoto a sua frente se contraíram de medo - que você tinha potencial.- Meyer relaxou.
Johnny deu um apertado abraço em seu salvador e em seguida tascou-lhe um sonoro beijo nas bochechas rosadas, fato que deixou-o extremamente tenso. Depois disso, foi até as gêmeas que estavam abraçadas:
-Acho que devo desculpas às duas – começou em voz baixa.
Linda se virou para ele e encarou-o por um momento. Em seguida desferiu um tapa em seu rosto:
-Aqui estão suas desculpas – advertiu a ruiva que depois saiu na direção de Sofia.
Johnny tornou a levantar seus olhos para encarar Lyla, mas o que recebeu foi pior que raiva. No fundo era apenas dó, a mesma dó que ela dedicaria a um cachorrinho de rua. Sem dizer nenhuma palavra, a loira foi juntar-se à irmã, Sneer, Sofia e Meyer que tomavam o rumo do prédio principal.
Música: Hit The Ground - Zebrahead
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