Mais tarde pensaria estar tomando sua primeira atitude altruísta na vida. Se enganaria. Por mais que Lyla fosse a maior beneficiada com a tentativa do ato heróico, ele também o seria. No fim o altruísmo nada mais era que o egoísmo com um álibe. No fim é o egoísmo que alimenta as ações humanas. Johnny correu sem mais se preocupar com os seus pés que patinavam ou com o vento, que vindo de encontro seus olhos os fazia arder e lacrimejar. Correu o que pode e o que não pode, mas nada mudou a situação, ainda sorrindo Lyla sangrava em seus braços . Lichba abriu os olhos e demorou um pouco para se lembrar de onde estava: nas piscinas do St. Jimmy, deitada numa das desconfortáveis redes. Ao seu lado Charlie. Reparou que fazia um belo dia. O sol brilhava lá no alto, esse talvez era o principal motivo por ter acordado tão cedo, e o céu era exuberantemente azul. Apesar das poucas horas de sono não sentia-se cansada, mas incrívelmente relaxada. Tentou saltar discretamente da rede para apanhar suas roupas jogadas no chão. Não conseguiu e a intensa movimentação acordou Charlie: -Bom dia – desejou o garoto com os olhos ainda semicerrados. -Sem dúvidas – retrucou Lichba – você melhorou muito noite passada, quase passou de um minuto! - elogiou. O garoto corou. Esse ainda era um problema a ser trabalhado: -Dizem que da nona vez é melhor. Lichba concordou com um belo sorriso enquanto terminava de vestir o shorts branco: -Eu prefiro você sem isso – constatou o garoto temendo soar por demais pervertido. -Então vem tirar – a voz dela era provocante. Charlie tentou sair da rede, mas seus pouco coordenados movimentos fizeram esta se virar e ele cair de cara no chão: -Formigas – reparou. Lichba riu: -Não se preocupe, um beijo sara. -É, eu ouvi falar. E já de pé novamente foi testar a teoria. O casal só se desgrudou novamente quando perto dali um sinal avisou que o café-da-manhã havia começado. Vestidos, abandonaram a piscina rumo ao refeitório. Ao passar pelo campo se depararam com algo se movimentando há uns 15 metros deles. Desviaram rapidamente o olhar, contudo uma voz conhecida os fez parar: -Ei, esperem! Preciso de ajuda aqui! Era Johnny. Pela primeira vez em quase um mês o garoto saíra das profundezas do bosque, logo o assunto deveria ser realmente sério. Somente quando se aproximaram uns 5 metros é que Charlie notou que ele carregava algo nos braços: Lyla. Imediatamente temeu pelo pior: -O que houve? - perguntou Lichba. -Ela caiu, estava chapada. Bateu a cabeça preciso levar ela pra enfermaria – a obstinação de Johnny vencia o cansaço e a agonia. -Cadê o resto? - indagou Charlie. -Não sei, que se fodam eles. Me ajudem aqui. Os três seguiram rumo à enfermaria. Quinze minutos depois, quando os ferimentos de Lyla já haviam sido limpados e fechados é que Lichba deu o diagnóstico: -Minha mãe é enfermeira e por convivência acabei aprendendo alguma coisa. Fizemos tudo o que podíamos dentro das nossas possibilidades e dos nossos conhecimentos. Meu palpite é que ela acorde ainda hoje e que ficará bem. Johnny fitou a loira desacordada na cama. O trevo voltar a ser verde. Teve que concordar: -É, vai ficar bem. O casal abandonou a sala deixando o garoto sozinho com Lyla. Ele caiu ruidosamente numa das poltronas e acendeu um baseado. Precisava relaxar, muita merda ainda estava por vir.
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