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25 - Lyla
quinta-feira, 4 de junho de 2009


“Lyla estava no alto de uma grande rocha, de lá observava o mar amanhecido se chocar contra as pedras lá em baixo. O sol se escondia ainda tímido atrás de uma grandiosa nuvem. A garota pode observar um rapaz na praia- exatamente como ele prometera- pensou, fingiu se concentrar na música que ouvia, no baseado que fumava ou na ansiedade que a acometia e após longos e poucos minutos ele estava lá, virou-se e tudo havia sumido, nem mar ou sol, apenas fogo. Um gigantesco casarão em chamas iluminava o já anoitecido ceu. Passou a mão pelo pescoço e foi quando viu uma pessoa sair das chamas, carregando outra em seus braços heróicos. Se aproximou e tudo pareceu cessar: o fogo, o calor e o medo. Não havia mais nada além de um corpo estendido, sangrando sem vida, uma garota cujas lágrimas nunca mais tocariam o solo do St. Jimmy, surpreendentemente seus olhos se abriram, fazendo o coração de Lyla acelerar. A garota chorosa desenterrou firamente a faca do estômago e numa voz tão assutadora quanto o vento ziguezagueando por entre as árvores de um cemitério numa noite gelada disse:
-A culpa é sua, agora terá que pagar!
Lyla tentou sair correndo, no entanto suas pernas já não respondiam mais, seus braços permaneciam imóveis. Num rápido movimento agressivo com a faca Lyla foi atingida, foi quando acordou. "
Respirava ofegantemente, batimentos acelerados e olhos arregalados, desacostumados à escuridão. Ficou um bom tempo absorvendo aquela imagens, olhando desfocadamente para o teto escuro, até que resolveu levantar-se e sair dali. Tentando ter a maior discrição possível, pegou o paletó dado por Johnny no primeiro dia para proteger-se do frio matinal e passou porta a fora. Desceu um andar, estirou-se numa das confortávei poltronas e lá ficou. Ao colocar suas mãos num dos bolsos encontrou um papel e uma caneta já esquecidos, observando a primeira com mais atenção viu estampado em marca d'água o brasão do St. Jimmy; cheio de contornos, espirais, voltas e revoltas que iam e viam e tornavam a ir, embaralhando a mente e a visão, como finos fios caprichosamente embaralhados pelo acaso. No meio havia o que parecia ser um enigmático escorpião e uma misteriosa cobra. Seus olhos permaneceram estagnados, mas seu pensamento vagava desordenadamente por Sneer, Johnny e Linda, tudo tinha tudo para dar errado, por isso talvez desse certo.
Foi tirada de sua viagem por um rangido e quando olhou por entre os ombros viu um Meyer estranhamente assustado sair desembestado e desengonçado escada abaixo. Sem pressa e com sua sempre presente meiguice, tomou o mesmo rumo.
Desceu os degraus restantes até o terreo, passou pelo hall de entrada e saiu pelo caminho cimentado, sendo atiginda por uma chicotada de vento frio. Chegando a até então intacta cantina viu que tudo estava ainda uma bagunça, estranhamente, ninguém parara ainda para arrumar ou para fazer qualquer outra coisa por ali, decidiu ser a primeira.
Alguns papéis e canetas estavam jogados no chão, mesas caídas e cadeiras viradas. Enquanto pacientemente desfazia a confusão pode observar mais de perto que as folhas espalhadas, assim como as canetas desprezadas eram exatamente iguais às que ela trazia no bolso e tão diferentes das que estavam na secretaria e nos arredores. Estranho, julgou; o diretor pegar coisas da cantina, talvez fosse algo de última hora ou algo singular daquele robô maluco, ou talvez não fosse o robô, talvez....
E as coisas começaram a fazer sentido, muito diferente do Meyer que vinha correndo como uma ambulância e sua barulhenta sirene que ao chegar teve tempo apenas de dizer:
-Corram, para as montanhas. - e desmaiar.


Música: Lyla - Oasis

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