As vezes um pequeno ato pode significar muito. Um elogio ou uma simples demonstração de confiança tem o poder de mudar o dia de outra pessoa, gerando consequências benéficas no futuro. E Johnny Fun sabia disso. Meyer saiu feliz da sala do terceiro andar. Apesar de ainda morrer de medo de Johnny, era a primeira vez na última semana que confiavam a ele uma tarefa. Ele não mandou Andy nem David para fazer aquilo e sim eu, pensava orgulhosamente enquanto subia as escadas do quarto andar aos pulinhos. Sua missão era convocar Sneer e Linda e quem mais o ouvisse enquanto falasse com os dois. Quanto mais melhor, haviam sido as palavras de Johnny. Estranhava as decisões dele, mas não ousara fazer perguntas em voz alta, de modo que agora elas ficavam martelando em sua mente: o fato de Lyla ficar fora da lista era estranho, mas recordando-se dos acontecimentos de dois dias atrás no salão de estar as coisas pareciam fazer um pouco de sentido; já ele ter pedido para que convocasse também Sneer era um mistério total à cabecinha pensante de Meyer. Via os dois como inimigos mortais; a única conclusão a que conseguiu chegar foi que as coisas estavam estranhas por ali. Teve que segurar seus pensamentos pois Johnny dissera que a ruiva estaria no dormitório feminino e este vinha antes do masculino, onde se encontrava Sneer, em seu trajeto. Torceu para que Fionna não aparecesse em seu caminho, era sempre constrangedor encontrá-la. Da última vez que isso ocorrera ele pisara acidentalmente no pé da garota que agarrou-o imediatamente pela gola impecável de sua camisa polo. Arrastou-o até o banheiro mais próximo e enfiou vigorosamente a cara dele numa privada recheada de merda. Ele contou cinco descargas e três banhos para tirar toda aquela sujeira. Não que ele se importasse com o cheiro, até gostava, mas percebeu que as pessoas evitavam ainda mais se aproximar dele, além de apontarem em sua direção com os narizes tapados. Suas preces funcionaram pois o dormitório parecia deserto a primeira vista. Somente quando chegou mais perto é que pode ouvir vozes baixas. Uma delas, que não levou nem dois segundos para que ele identificasse como a de Linda dizia: -Eu não sei, nunca aconteceu comigo antes. Nunca me senti assim, pelo menos não em relação...-as palavras pareceram se perder no caminho. -Tudo bem – cortou a outra voz que era vagamente familiar a Meyer, mas ele tinha certeza de nunca ter ouvido antes – é normal. O sentimento não é nem um pouco estranho pra mim, mas sem dúvida existe desde o começo. As vozes se calaram de súbito. Aproveitou o longo silêncio para entrar sem se anunciar e fazendo o mínimo possível de barulho. Esperava ver alguma delas só de calcinha ou quiçá, se sua sorte fosse tão grande quanto ele sentira ao acordar, completamente nua. E a surpresa veio, não viu exatamente o que desejara, porém aquela era uma cena rara. Linda e uma outro garota, muito próximas, como se estivessem prestes a dar uma trombada em camera lenta, ou pior: a se beijar. Infelizmente, a outra garota, uma bela morena, muito pálida e de olhos tão azuis quanto poderiam ser o viu e imediatamente se afastou, fingindo estar fazendo outra coisa. Flagrado, imediatamente Meyer começou a desculpar-se: -Desculpe Effy, digo, Lisabeth, não Princesa Leia, não! Desculpe-me seja lá quem você for.- palavras e imagens começavam a se embaralhar em sua cabeça – tenho um recado de Johnny. - vendo que, ao mencinoar aquele nome a ruiva desistira de atacá-lo prosseguiu – Ele pediu para que o encontrasse na sala dele. E você – apontou para a outra garota que remexia uma mala a procura de nada pois suas mãos etavam vazias quando as tirou de lá – você pode ir também se quiser, ele disse que quanto mais melhor. A garota fez uma cara de nojo que ninguém entendeu. Linda começou a falar num tom revoltado, típico dela: -Aquele filho-da-puta! Se acha que depois do que aprontou as coisas vão continuar como antes ele está muito enganado! Avise o imbecil que não vou e se caso ele realmente queira falar comigo que venha até mim! Meyer entretanto não se espantou com o sermão. Fora advertido contra aquilo e retrucou ensaiadamente: -Johnny disse que você falaria isso e pediu pra falar que adora seus olhos quando você fica brava. Falou também que uma folha do trevo está faltando e que esperava que as outras três comparecessem para recuperá-la. Aquilo foi um calmante para os animos exaltados da ruiva. Ficou repassando a frase na cabeça, parecia fazer muito sentido; os últimos dois dias haviam sido tão intensos que nem pensara muito no assunto. No entanto um detalhe a incomodava. Resolveu exprimi-lo em voz alta: -Três? Mas Meyer já não estava mais lá.
Música: Duckpond - Millencolin
1 Comentários:
5 dias sem ler e duas atualizações
muuito boas.
Por Anônimo, Às 6 de setembro de 2009 às 13:05
Postar um comentário