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34- A festa
quarta-feira, 1 de julho de 2009


Lyla estava colorida em preto e branco. Suas tranças pegavam fogo, mas este não se alastrava pelo resto do corpo, apenas queimava ininterruptamente a trabalhosa trança. Seus olhos congelavam, sendo difícil girá-los na órbita, a luz caia ameaçadoramente por ela e o som fazia tremer sua cabeça, dobrando tudo a sua vista.

As mãos de Linda se metamorfosearam em pinças, que em nada ajudavam-na a nadar contra o líquido dourado que começava a inundar o local. Assim que o este atingiu uma altura considerável, suas pernas se tranformaram num longa cauda escamosa: ela era agora uma sereia.

Sneer rastejava atrás do ouro, mas grilos e seus incessantes cantorios tentavam impedi-lo. O garoto seguia obedientemente o caminho indicado pelas luzes, fugindo dos olhares furiosos que o cercavam.

Meyer havia tirado a roupa, a pele de cordeiro começava a esquentá-lo e os comensais da morte não gostariam nada disso, quando descobrissem iriam atrás dele, precisava urgentemente de uma varinha.

O fogo adquirira vontade própria e fugira da sua trança, contudo, agora todo o local estava em chamas, que a loira tentava apagar, numa luta perdida contra os poderosos holofotes. O desespero começou a acometê-la, tudo tremia, o som golpeava sem dó seus frágeis ouvidos; tinha que fugir.

Linda nadava tranquilamente no adorável líquido dourado, iria afogar um por um seus inimigos, sem dó, agarrava-os com suas pinças e uma vez na profundeza do ginásio, aplicava-lhes seu fatal veneno, só precisava cuidar para que ninguém sentisse falta deles; iria fugir. Mas não o fez, não porque havia mudado de ideia, mas sim pelo fato do mar dourado ter se solidificado e ela ficado presa lá no meio, sem conseguir mover-se. Iriam descobri-la.

Da escuridão surgiram caçadores de ogros, carregando suas lanternas fluorescentes eles pareciam saber o que Sneer havia feito. Precisava fugir, se esconder. Chifres cresceram no topo de sua cabeça e o garoto começou a golpear fatalmente os inimigos, não seria vencido com tanta facilidade.

As luzes se apagaram e Meyer tratou de correr o mais rápido que pode para debaixo das mesas. Os comensais apareceriam a qualquer momento, precisava daquelas poções, mas qual seria a polissuco? Na primeira oportunidade que teve, driblou os trasgos e tomou tantas garrafas quanto conseguiu: funcionara, estava invisível, agora era só fugir.

O fogo voltara para Lyla, mas agora ele encharcava a garota sem no entanto ousar queimá-la, era uma sensacão estranha, um duelo entre seus sentidos. Na escuridão, a loira brilhava chamativamente. Se não conseguisse apagar-se, todos descbririam a verdade, Linda saberia de tudo.

A ruiva ainda estava presa, mas não por muito tempo, devido a alta volatilidade que adquirira, logo iria evaporar, seu cérebro e sua alma sairiam pelos seus poros. Ao longe avistou um cavaleiro branco, a esperança retornou a suas entranhas, estava salva.

O calor começava a sufocar Sneer, o ar se tornara irrespirável, mesmo com os caçadores derrotados, sua vida corria risco, teria que alcançar a porta e para isso precisaria cavar.

Meyer corria para porta, derrubando como pinos de boliche qualquer um que entrasse em seu caminho. Seus duendes de estimação festejavam a vitória dentro de sua cabeça. No entanto eles teriam que morrer, e o só o ar puro faria isso por ele.

O fogo cessara, mas parecia ser tarde demais. Um grande palhaço e um binóculo alado vinham na direção de Lyla. Ao chegarem o primeiro disse palavras sem nexo que fizeram-na rir. Em seguida fugiu e a loira o seguiu. Ele não escaparia de novo.

Uma árvore começou a segui-los, mas o cavaleiro branco parecia não se importar com isso. Linda tentava escapar de suas sombras, sua cauda agora eram uteis asas que permitiam-na voar acima da confusão. Seguiu a luz e chegou sem dificuldade a porta: estava livre, só precisava correr.

Cavar não funcionara, então Sneer começou a passar pela multidão dando cambalhotas; não demorou muito para que encontrasse a saída e pudesse voltar a respirar. Ao longe três massas de modelar corriam desembestadamente.

Um árvore de Natal estava parada na saída. Quando esta começou a se mover, Meyer a seguiu. Já lá fora os duendes abandonaram sua cabeça. Os comensais da morte nunca o encontrariam, tudo ficaria bem.


Música: Tomorrow Never Knows - The Beatles

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